Opinião

EDITORIAL | Política sem nada de novo

Línguas ferinas andam dizendo que em Brasília, pelo menos nos gabinetes mais bem situados, o café já está sendo servido frio, em termos objetivos e claros o mais evidente sinal de que um ciclo de governo chegou ao fim e, agora, apenas conta tempo até a hora de entregar a faixa presidencial ao sucessor. Deste, aliás, dizem também que encontrará diante de si um quadro em que os riscos parecem ser muito maiores que as oportunidades. Dirão alguns que esse tipo de avaliação nada mais é que excesso de pessimismo.

É o que se depreende, nesse momento, sobretudo da fala dos políticos que pretendem disputar votos nas eleições de outubro, em especial aqueles que estão de olho em cargos majoritários. Todos, ou quase todos, reconhecem que o País enfrenta uma quadra de enormes dificuldades, mas todos também dizem que os problemas têm solução e que, se ungidos pelo voto, rapidamente demonstrarão na prática o que estão dizendo agora.

Excesso de confiança, excesso de otimismo ou, mais provavelmente, mera repetição de recursos de marketing, na forma já bastante conhecida de discursos sem conteúdo. Em termos objetivos, o que está sendo dito agora pouco ou nada tem a ver com o que acontecerá adiante e, nesse particular, os políticos se igualam e se aproximam.

É bastante curioso, ainda que monótono, por exemplo, assistir às sabatinas e entrevistas dos postulantes à Presidência da República, em que todos têm respostas prontas e soluções na algibeira. Também chama atenção, e preocupantemente, que os discursos apenas tangenciam problemas e propostas, na mais absoluta superficialidade. Todos dizem o que farão, são enérgicos e contundentes, mas nenhum explica com clareza e capacidade de convencimento, como pretendem estabelecer algum nível de convívio e nivelamento com a maioria de deputados e senadores e seus trinta e tantos partidos, sem que precisem lançar mão dos velhos recursos – é dando que se recebe – que hoje dizem abominar.

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Prometem também que montarão equipes técnicas, avaliadas e escolhidas exclusivamente pela competência, pelo mérito e pela ilibada reputação. Estão falando do elementar, do óbvio e de sua obrigação, mas não tem uma única palavra sobre como convencerão suas “bases” de que assim será. Deve estar claro a estas alturas, diante das proporções dos problemas que o País enfrenta e que tendem a aumentar, a preocupação a que são levados os cidadãos de bem diante dessas constatações. Até agora fica no ar a impressão de que nada mudou e isto é mau, muito mau.

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