Opinião

EDITORIAL | Ponto de partida

EDITORIAL | Ponto de partida
Foto: Bruno Magalhaes / Nitro

Processos já históricos de mudanças no sistema econômico provocaram, no Brasil, notadamente a partir da segunda metade do século passado, um processo intenso de urbanização e, ao mesmo tempo, de esvaziamento do campo, onde hoje vivem menos de 30% da população brasileira. Além de acelerado, ou talvez por isso mesmo, este processo foi desordenado, caótico em certos limites, gerando problemas que vão do atendimento básico à população alojada nos grandes centros urbanos, da saúde à educação, passando por moradia, saneamento, mobilidade e segurança. A rigor, e sem que a afirmação contenha qualquer desvio, falta tudo à maioria da população brasileira, sem perspectivas concretas de que mudanças possam ocorrer no curto ou médio prazos.

Como, afinal, pensar diferente, quando de um lado o setor público e político apregoando a excelência do programa habitacional, que chegou até a ser apontado como dos maiores do mundo, e de outro as estatísticas apontam que pelos tais programas cobrem apenas 20% dos necessitados e, ainda assim, que metade deles está em situação de inadimplência? A pergunta no mínimo ajuda a compreender o acelerado avanço da favelização, já que as estimativas são de que 4 de cada 5 unidades habitacionais foram construídas, improvisadamente, com recursos próprios, sem qualquer acesso a crédito, muito menos a subsídios que na realidade seriam a chave dessa equação.

Compreender o que se passa – e não está sendo mencionada a população de rua, também em forte expansão – é essencial para enxergar o conjunto e, a partir daí, trilhar o caminho das soluções, que a rigor não são sequer percebidas, em termos sérios, na movimentação e nas promessas que acompanham o processo eleitoral em curso, em ano de escolha de novos prefeitos e vereadores. Sem que todos estes fatores sejam percebidos e, falando em prefeitos, também que nos grandes centros urbanos os espaços municipais se confundem e se sobrepõem, demandando outro tipo de abordagem e de gestão, parece bem fácil concluir que não haverá avanços. No fim das contas isso impacta todo o país e corresponde a um inevitável processo de involução, virtualmente esquecida, ou abandonada, a perspectiva contrária.

Se o berço da política é a municipalidade, primeiro espaço de gestão pública e de ações mais próximas interesse e das demandas do indivíduo-cidadão, é possível concluir também onde está o ponto de partida. Questões elementares sobre as quais o brasileiro-eleitor precisa estar consciente ao fazer suas escolhas e dar seu voto.

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