Opinião

EDITORIAL | Pré-sal vai muito além do esperado

A Petrobras, faz pouco tempo e por conta dos escândalos de corrupção que vieram a público, foi dada como à beira do colapso e sem condições para dar prosseguimento às suas atividades. Motivo bastante, dizia-se, para o País livrar-se da estatal tão depressa quanto possível. Mas a empresa, ao contrário do que muitos imaginavam e propalavam por conta de interesses que hoje podem ser percebidos com mais facilidade, resistiu e mais rapidamente do que se imaginava exibiu sua força, bem evidenciada nos lucros obtidos no segundo trimestre do ano.

Na realidade fez muito mais, voltando a operar com padrões de eficiência e resultados que não tem paralelo no mundo inteiro, a ponto de se afirmar que a região do pré-sal é hoje a mais importante província petrolífera do planeta. Na área e a sete mil metros de profundidade em média, o País produz 1.82 milhão de barris/dia, a um custo médio de extração a U$ 7 por barril, enquanto a média mundial está entre US$ 10,8 e US$ 11 e a cotação média, no mercado mundial, na faixa de US$ 78 por barril. Outro ponto a destacar é que a Petrobras, com o desenvolvimento de novas tecnologias em que continua sendo líder mundial, conseguiu reduzir substancialmente os custos de produção, o que significa dizer que a extração no pré-sal continuará viável mesmo que o preço do barril caia até US$ 35. Com um detalhe fundamental: nos Estados Unidos a extração e campos não convencionais só é viável com o barril a US$ 66 valor que no Canadá cai para US$ 63.

Um único poço no campo de Mero, na Bacia de Santos, produz 38,8 mil barris/dia, sendo o maior em volume de produção no mundo. E a produção média na região já é quatro vezes maior que no Golfo do México e no Mar do Norte. Todos estes avanços levaram a resultados como a redução do tempo de perfuração, que passou de um ano e meio para apenas três meses. Cabe assinalar, a propósito, que o custo de operação de uma sonda chega a U$ 350 mil/dia. O desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias fizeram com que o custo de perfuração de um poço caísse de US$ 100 milhões para US$ 40 milhões.

Tudo isso explica porque em apenas 12 anos após a sua descoberta o pré-sal brasileiro foi transformado na nova e mais atraente fronteira petrolífera no mundo. A exploração dessa riqueza pode e deve ser acelerada com o concurso de capitais estrangeiros, mas é absolutamente fundamental que o Brasil saiba negociar e tenha noção do que está negociando e de como se deve distribuir os ganhos auferidos. Explica também a cobiça e, na mesma medida, os cuidados que o país precisa ter.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas