Editorial

EDITORIAL | Prometer é muito fácil

EDITORIAL | Prometer é muito fácil
Crédito: José Cruz / Agência Brasil

Embora o mundo oficial, em Brasília, continue procurando fazer crer exatamente o oposto, a verdade é que o País enfrenta, ao lado de uma crise institucional de proporções no mínimo muito delicadas, problemas no campo da gestão pública e da economia igualmente relevantes, bastante longe de definir a economia que mais rapidamente se recuperou no pós-pandemia. Com despesas descontroladas e facilidades um tanto efêmeras, além de propósitos bem claros, na realidade está sendo armada uma bomba que explodirá no colo de quem ocupar, já no próximo ano, a principal cadeira do Palácio do Planalto. A rigor, apontam estudiosos que se colocam a distância de preferências políticas, a crise fiscal será inevitável e trazendo reflexos bastante danosos para o País e sua população.

Nada que não seja sabido e já tenha sido dito ou que possa ser percebido por mera observação, algo portanto que não poderia escapar aos candidatos que se apresentam à eleição presidencial de outubro, principalmente, claro, aos que se colocam contra o atual governo. Eles fazem críticas e apontam erros, mas também deixam a impressão de que tudo pode ser resolvido exclusivamente com boas intenções, o que não é verdade. No mundo real, por exemplo, o corte de gastos, drástico, não será opção e sim imposição ditada pelos cofres vazios e pelo endividamento crescente. Não haverá outro remédio que não a disciplina férrea. Evidentemente que não estamos pensando nos candidatos, que, indicam pesquisas de opinião, têm chances praticamente nulas na disputa.

Focamos nos dois que de fato estão disputando a cadeira presidencial, ambos prometendo entre outras coisas que o auxílio emergencial de R$ 600,00 não será cortado em janeiro, embora saibam também que não existe sequer previsão orçamentária para isso no próximo ano. Poderíamos lembrar também que nenhum dos dois parece enxergar a realidade, o que vem pela frente, algo que as promessas de campanha deixam evidente. Como aceitar que seja prometida a criação de ministérios – já foram mencionados pelo menos o da Cultura e o da Mulher –, exercício já esgotado, que cabe nos cálculos políticos mas não cabe nas contas e muito menos garante políticas afirmativas.

Nas campanhas, temos aprendido ao longo do tempo, cabe de tudo um pouco, diferentemente do que acontece no mundo real. Conclusão que só reforça a preocupação com o excesso de promessas de quem tenta trocar facilidade por votos. Tudo isso, para piorar, sem que denotem preocupação verdadeira com a realidade ou de compromisso com a palavra empenhada.

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