Opinião

EDITORIAL | Quem perde, quem ganha

EDITORIAL | Quem perde, quem ganha
Crédito: Reprodução

Não há como negar que, para a maioria, dentro e fora dos Estados Unidos, a derrota de Donald Trump nas eleições do ano passado representou um grande alívio. Para os mais atentos, no entanto, em termos relativos, o que a estas alturas o novo presidente, Joe Biden, vai deixando suficientemente claro, na melhor tradição de eleger um inimigo externo como alvo, ainda que para isso seja preciso repetir os mesmos cacoetes de seu antecessor.

Se no pós-guerra a antiga União Soviética cumpriu esse papel, hoje, claramente, o escolhido, não tanto pelos seus feitos militares e muito por conta de seu crescente poderio econômico, não muito distante de tomar dos Estados Unidos o primeiro lugar entre as maiores economias do planeta.

Um jogo bruto, necessariamente e Biden não disfarça que conter os avanços da China é seu principal objetivo. Neste cenário volta à tona, e ainda com mais ênfase, a questão da tecnologia de suporte da internet 5G que, dizem, condicionará o futuro próximo e terreno em que justamente a China exibe os maiores avanços.

Um alvo perfeito e, como de costume, os norte-americanos não disfarçam suas intenções, tentando a todo custo evitar que a empresa chinesa Huawei, já solidamente instalada no Brasil ocupe espaços também na nova tecnologia, oferecendo melhores produtos e melhores preços.

Com um cinismo que deveria fazer corar qualquer pessoa mais séria, dizem, num conselho de supostos bons amigos, que uma vez abertas as portas Pequim teria condições de espionar o país como quisessem. Sem lembrar, é claro, que eles próprios fizeram isso, bisbilhotando os telefones da então presidente Dilma Rousseff e fazendo o mesmo até com aliados como a Alemanha. Tem muito mais coisa em jogo e os americanos fazem o seu papel, copiando o American First de Trump. Da nossa parte, trata-se simplesmente de fazer o mesmo, colocando os interesses do Brasil em primeiro plano.

A decisão a respeito que, não percamos de vista, incomodará muito o principal parceiro comercial do Brasil, está próxima e explica recente e discreta visita do ministro das Comunicações, Fábio Faria, a Washington, onde as conversas giraram exatamente sobre aquilo que os norte-americanos consideram “riscos” da presença da Huawei no mercado 5G brasileiro. 

Caberia perguntar, riscos para quem exatamente? O fato é que as pressões estão aumentando e esta não pode ser uma decisão de bastidores, pautada por preferências ideológicas ou fruto de um alinhamento automático que não pode existir.

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