EDITORIAL | Quem perde, quem ganha

O poder central, o que absolutamente não chega a ser novidade, continua, já com alguns sinais de desespero, à procura de uma mágica que permita conter, pelo menos até o mês de outubro, os preços dos derivados de petróleo, dando fim temporariamente aos abusados reajustes praticados desde que, na gestão-tampão de Michel Temer, foi estabelecido a despropositada paridade de preços com o mercado internacional. Arranjo, que fique bem claro desde sempre, de agrado e conveniência exclusiva dos acionistas da Petrobras, particularmente aqueles que operam a partir do exterior.
Definitivamente não é, ou deveria ser, para agradar a esta gente que políticas vitais para os interesses do País deveriam ser formuladas, até porque os ganhos propiciados pela estatal têm sido fartos, acima do oferecido por suas congêneres. E, mais uma vez, no lugar de enfrentar o problema, as tentativas são de contorná-lo e, pior, exclusivamente à procura de uma mágica que apazigue os ânimos de todos aqueles forçados a parar seu veículo ao lado de uma bomba de abastecimento.
Assim foi que algum gênio daqueles que habitam ou passam por Brasília colocou na mesa a mais nova das ideias, na forma de uma ampla desoneração de impostos federais e estaduais, com compensações para as perdas estaduais a custo bilionário e tudo isso para que os preços caiam menos de R$ 1,00 por litro de gasolina. Ou esta gente está brincando, não faz nenhuma ideia do que se passa, ou de fato vive num mundo à parte, bem longe da cidade que Juscelino Kubistchek imaginou distante das más influências que assim não chegariam aos agentes públicos.
Como afinal não entenderam até agora que as contas a serem feitas deveriam partir de outros elementos, considerando o custo de cada barril dos 3 milhões que a Petrobras produz diariamente, sem esconder que gira em torno de US$ 15 para exportações que somam perto de um milhão de barris/dia, cada um deles cotado a US$ 130, conforme valores da última terça-feira. Dinheirama que deve bastar para cobrir as importações de refinados sem que seja preciso impor aos brasileiros uma política de preços que a médio prazo produzirá desastre de grandes proporções. Resumindo, quem fizer as contas saberá onde está a solução ou compreenderá porque estão fugindo dela vendendo ideais falsas e que em nada se aproximam dos verdadeiros interesses nacionais.
E, se faltam argumentos, então que se verifique quem ganha e quem perde com o sistema em vigor.
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