Opinião

EDITORIAL | Recomeçar e acertar

EDITORIAL | Recomeçar e acertar
Crédito: REUTERS/Ueslei Marcelino

Dois fatos relevantes a anotar na semana que termina. Na segunda-feira (12), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva foi diplomado no Tribunal Superior Eleitoral. Cumprido assim a penúltima etapa do processo de sucessão, mais perto fica a volta à normalidade e menores os riscos de aventuras ensandecidas. E certamente não por acaso na quinta-feira (15), caminhões de mudanças chegaram ao Palácio da Alvorada, sinal de que seu atual inquilino está mesmo de partida.

O esperado, o desejado ou, antes, o que deve ser feito, mesmo por alguém de comportamento errático, mas que inúmeras vezes repetiu que não se afastaria das “quatro linhas da Constituição”, expressão retirada de algum baú e por ele adotada. Resumindo, passou da hora de acabar com a baderna que alguns poucos ainda insistem em promover, com atividades tão desconexas quanto a ocupação dos portões de tiros de guerra no interior ou a mais recente tentativa de invadir a sede da Polícia Federal em Brasília. Maluquice e provocações desatinadas, mas que evidentemente tem patrocinadores. E absoluta impertinência, seja do ponto de vista legal, seja pela elementar constatação de que uma pequena minoria não pode se intrometer dessa forma, com o desatino de reclamar uma ditadura em nome da democracia.

É preciso conter os arruaceiros, identificar seus patrocinadores, apurar com lupa as evidentes e inúmeras omissões de forças policiais. Como já foi dito, sem passar o pano, sem a falsa ideia de que contemporizar facilitará a volta à normalidade.

Até aqui, no Brasil, em momentos de impasse e abusos desmedidos essa foi a norma e os resultados de tanta omissão, de impunidade, são bem conhecidos porque um tanto repetitivos. Conter os abusos significa também impor controles às ferramentas eletrônicas que ajudaram a transformar a mentira em arma política, situação que hoje representa grave ameaça no mundo inteiro e absolutamente não se confunde com censura ou liberdade de expressão onde, de verdade, não há espaço para nada disso. O futuro presidente da República quando for empossado terá pela frente uma coleção de dificuldades a enfrentar e não somente porque os caixas foram esvaziados na mesma velocidade em que contas por pagar foram sendo acumuladas.

Enfrentar estas questões implica necessariamente em romper com velhas práticas, exige que seja devolvida ao Estado, à máquina pública sua necessária funcionalidade. Definitivamente não é pouca coisa, mas, saiba o futuro presidente, saibam os políticos e burocratas que estão no seu entorno, que por larga, larguíssima, maioria este é o desejo dos brasileiros.

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