Opinião

EDITORIAL | Reflexões oportunas

EDITORIAL | Reflexões oportunas
Entre as cidades que mais se destacam historicamente em Minas está São Thomé das Letras | Crédito: Divulgação

Enquanto Brasília pega fogo, em Minas Gerais o ano começa mais tranquilo, mesmo carregando as preocupações que não escapam a quem tem olhos para enxergar. No Estado, com o governador Romeu Zema reconduzido com expressiva votação, comemora-se nesse início de ano, conforme este jornal tem registrado, a confirmação de alguns expressivos novos investimentos. E o próprio governador anuncia que, se o primeiro mandato foi de arrumar a casa e enfrentar a pandemia, o que começa será de realizações, grandes realizações, segundo ele. Bravo!

Persiste, contudo, a controvérsia das privatizações, que Zema pretende acelerar, desde que consiga superar as resistências, ainda suficientes para contê-lo. Como o governador mineiro nos parece estar apenas procurando fazer o que entende ser o melhor, acreditamos que valha a pena mostrar como e por que ele está enganado. E começando pelo começo. Como entender que as estatais, como a Cemig, alvo mais cobiçado, possam ser o mesmo que as portas do inferno, um peso que o setor público não tem por que carregar, quando existe tanta gente interessada em comprá-las. Procuram simplesmente uma oportunidade de bons negócios, mas nós não entendemos que o suprimento de energia elétrica, água tratada ou esgotamento sanitário possam ser vistos como máquinas de produzir lucros.

E é nesse ponto exatamente que as estatais devem estar inseridas. Para oferecer serviços essenciais, para serem eficientes, gerar recursos para sua sustentação e permanente expansão, nunca para gerar os dividendos de que o “mercado” tanto gosta de falar,  fingindo não entender que no caso os ganhos são sociais, e abundantes, além de criarem condições para que toda a economia opere melhor. Se existir, onde existir, que seja imediatamente ceifada, o que é sempre perfeitamente possível. E quem se lembrará, para ajudar a animar o governador, que a Cemig já foi símbolo de competência e eficiência no Brasil e no mundo?

Poderíamos lembrar também da Petrobras, que alguns interesseiros veem como antro de ladrões, esquecidos de que não há como deixar de reverenciar uma empresa que foi capaz de descobrir o pré-sal e, mais, de desenvolver tecnologia única de prospecção e extração em águas ultraprofundas. Só se pode desclassificar uma empresa dessas para que ela possa ser transferida, a bons preços para o comprador, aos grupos que controlam a indústria mundial do petróleo, um “clube” que deseja ver o Brasil sempre como cliente, jamais como membro.

Fica o registro para o governador Zema, naquilo que a ele se aplica. Além da lembrança de que onde existirem ladrões, simplesmente que existam também vagas atrás das grades. O resto corre o risco de se confundir com burrice ou má-fé.

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