EDITORIAL | Respeito é elementar

Servidores públicos, nem mais nem menos. Todos, do presidente da República para baixo, aqueles que vivem à sombra do Estado, uns mais bem protegidos, outros menos, são servidores públicos e não há como esquecer o elementar significado da expressão. Dela nos lembrou, aliás, ao tomar posse na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia, se dirigindo primeiramente aos cidadãos contribuintes, lembrando que deveria começar, mesmo que à custa de danos ao protocolo, pelos verdadeiramente importantes.
Algo tão elementar e tão pouco lembrado, valendo para os serviços públicos em geral e igualmente para as empresas públicas, que não têm dono, em tese pertencem a todos, mas como regra se comportam com uma soberba que é sinônimo de desrespeito ou coisa pior. Falta respeito, faltam os cuidados elementares próprios das relações entre quem vende e quem compra, algo que deveria ser mais bem cuidado justamente em se tratando de empresas públicas, concessionárias de serviços públicos. Só em teoria, porque na prática prevalecem abusos, como reajustes de tarifas quase sempre acima da inflação, seja para cobrir a incompetência, seja para ajudar o Estado a reforçar seu caixa.
Exatamente como acaba de anunciar a mineira Copasa, depois de impor, sempre unilateralmente, reajustes despropositados em suas tarifas, justamente num momento de dificuldades para todos, informando que deverá promover um “revisão” da qual poderá resultar, na prática, reajustes de até 51%, prejudicando pelo menos 20% dos consumidores.
A empresa defende suas contas, defende seu balanço, defende talvez sua incompetência para, num comportamento que não pode ser aceito, dona de um monopólio, passar adiante seu pepino. Da mesma forma que não se dá ao trabalho de explicar majorações abusivas que vêm ocorrendo desde o ano passado, sem se vexar ao apresentar conta de R$ 5 mil relativa ao consumo de uma casa fechada, desocupada, sem qualquer movimento.
Pior, o cliente assaltado não tem qualquer chance de falar com a empresa, cujo atendimento é quase totalmente eletrônico, mas comete desatinos como não reconhecer um cliente de mais de 50 anos para em seguida, quando este mesmo cliente tenta fazer novo cadastro, receber como resposta que é impossível, porque ele já está cadastrado. Cabe indagar se o governador Romeu Zema está sabendo o que se passa, se sabe por que não faz o que deveria fazer, e se não sabe pior ainda fica a questão.
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