Opinião

EDITORIAL | Resposta à altura

EDITORIAL | Resposta à altura
Crédito: Dirceu Aurélio/Sejusp

Os problemas de segurança pública no Brasil alcançaram proporções de todo inaceitáveis. Sobre o assunto, é mandatório, primeiro, conhecer suas causas, que têm vínculos diretos, conhecidos e comprovados com as desigualdades predominantes no País, em parte herança da escravatura que gerou desequilíbrios estruturais e privam uma parte significativa da população de condições mínimas de sobrevivência, processo histórico sumamente agravado nos últimos anos. Solução, que se espera possa e ser herança para futuras gerações, só mesmo acesso pleno à educação de qualidade, motor das transformações econômicas e sociais há tanto aguardadas.

Esse primeiro diagnóstico, porém, não invalida uma abordagem bem feita e rigorosa dos problemas gerados, sabidamente alimentados e agravados também pelo tráfico de drogas e pelo surgimento de organizações criminosas que hoje controlam os presídios, as comunidades e a escalada dos crimes, como é o caso do chamado Novo Cangaço, que, em progressão também alarmante, levou a insegurança às pequenas cidades, com ataques que adquiriram proporções militares, numa guerra não declarada e que não poderia ficar sem resposta igualmente contundente.

Foi o que aconteceu em Varginha, faz pouco menos de duas semanas, com o aborto, pela Polícia Militar de Minas e pela Polícia Rodoviária Federal, dos preparativos finais para ataque à cidade e, ao que se supõe, por quadrilha que estaria envolvida em alguns dos mais violentos roubos realizados nos últimos meses. Graças aos serviços de inteligência, que vinham atuando há meses, foi possível deter os marginais, divididos em dois sítios, que resistiram e acabaram mortos.

Diante do sucedido e, principalmente, diante do fato de que não ocorreram baixas nas forcas policiais, a bem-sucedida operação começa a ser questionada, com sucessivos pedidos de apuração, para além dos procedimentos que são rotineiros nestes casos. Uma reação a nosso ver em parte desproporcional e injustificada. Evidentemente que tudo precisa ser devidamente apurado, o que é praxe, mas a reação havida em alguns casos foi claramente descabida. Outro não pode ser o entendimento de quem tomou conhecimento da violência dos ataques anteriores, estes sim a todos os títulos inaceitáveis.

Quem pensa o contrário que procure conhecer os sentimentos – e os traumas e perdas – das populações das cidades atacadas anteriormente, numa escalada que, todos esperamos, comece a refluir depois da intervenção da PMMG e PRF.

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