EDITORIAL | Revolução para o bem

Muitos percebem os riscos, muitos apontam as distorções que se apropriaram dos modernos sistemas cibernéticos de comunicação. E não são apenas as tão faladas fake news, transformadas em eficazes máquinas de destruição política. Pode ser muito pior quando são contabilizados até mesmo casos de suicídios, decorrentes de abusos que as vítimas não conseguiram suportar, ou constante invasão de privacidade, cujos autores, desqualificados, tentam se esconder em suposta liberdade de expressão, acreditando que tudo podem, sobretudo, agredir estranhos. Caso recente de uma jovem artista que viveu um drama pessoal, fez sua escolha e acabou exposta por figuras que se dizem influencers, mas que não passam de desqualificados aproveitadores e, para completar, costumam acreditar também que são jornalistas.
Simplesmente não é admissível e não pode ser tolerado. Em primeiro lugar, por conta dos danos causados a terceiros, com os ataques, os mais baixos, às vezes transformados em eficazes máquinas de fazer dinheiro. Igualmente depõe contra a inteligência, se não contra a própria condição humana, que máquinas tão complexas e tão poderosas, que poderiam produzir o bem em larga escala, servindo à educação e ao conhecimento, acabem sendo pouco mais que latrinas para desocupados. Perceber a escalada, que só não enxerga quem não quer mesmo enxergar, mais que mera omissão pode acabar transformada em cumplicidade, devem estar cientes os que têm obrigação de agir e preferem fazer de conta que não estão vendo. Vale para quem está na ponta final, os abusadores que talvez equivocadamente se imaginem invisíveis, vale para as empresas que mantêm ativos os canais, ou esgotos, vale para os fabricantes das máquinas.
Assim, o que poderia ser o melhor, acaba sendo um dos piores e mais perigosos sinais da modernidade. Será de todo desnecessário lembrar que é preciso acordar, que o poder público, as autoridades, tem responsabilidades que não podem ser declinadas, permitindo que permaneça sem qualquer controle efetivo arma de tão grosso calibre. Ou apontar que nada disso corre justamente porque as empresas que operam estes sistemas, também escondidas num falso conceito de liberdade, estão entre as mais ricas e poderosas do mundo, fazendo dinheiro, em escala sem comparações, com algo que é quase um moto contínuo.
Se cabe apontar e banir o mal que está sendo feito, cabe igualmente registrar que se está perdendo a oportunidade de colocar esta tecnologia, máquinas e conhecimento verdadeiramente a serviço da educação e da cultura para que aí sim serem agentes de uma revolução para o bem.
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