EDITORIAL | Roubo de cargas, a reação possível

O roubo de cargas continua sendo, para os transportadores rodoviários, o maior dos pesadelos. Continua a existir um evidente desbalanceamento entre a capacidade de atuação das quadrilhas, com atuação direta ou pelo menos cobertura do crime organizado, e o poder de fogo, ou de reação e controle do aparato policial, fazendo da insegurança, também nesse particular a marca mais forte, e dos prejuízos uma constante igualmente alarmante. Parece existir, relatam alguns transportadores, uma espécie de conluio, ou infiltração, que permite identificar que em muitos casos os ataques são dirigidos, com evidências de que os bandidos têm informações que indicam, principalmente, quando e por onde se movimentam as cargas mais valiosas, como eletrônicos.
Os casos que chamam mais atenção ocorrem na Via Dutra, ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo, na parte mais rica do território nacional, mas se espalham e se repetem até aos pontos mais distantes. Se nem no Rio de Janeiro, com o sistema de segurança sob intervenção e reforçado por contingentes federais, não foi possível estancar os ataques ou sequer reduzi-los de forma significativa, imagina-se o que acontece no restante do País, considerada a desproporção dos contingentes da Polícia Rodoviária Federal. Os transportadores de carga têm consciência do problema e imaginam que a situação só poderá melhorar a partir de uma abordagem diferente.
Sabem que absolutamente não é possível policiar e controlar toda a malha rodoviária, neutralizando os ataques. Mas sabem também que eles não existiriam se não houvesse receptadores, gente que aceita comprar e vender produtos que não poderiam ser comercializados. E não estamos falando apenas de um comércio clandestino, pulverizado, como ocorre no Rio de Janeiro com produtos de menor valor. Existem evidências, ou mais, de que esse trânsito ilegal alcança até mesmo redes varejistas de grande porte, situação que por sinal não é nova.
Fiscalizar na ponta seria mais fácil, é claro, e se não fosse possível revender não haveria por que roubar. Trabalho policial e trabalho de inteligência, que poderia partir de controles tributários capazes de dificultar, ou inviabilizar, o trânsito dessas mercadorias. Seria o ponto final, ou quase, dizem os transportadores e confirmam entidades como a Federação e o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas em Minas Gerais, com referendum da Confederação Nacional dos Transportes.
O fato é que é preciso e é possível reagir, estancando uma fonte de prejuízos milionários para diversas cadeias econômicas, além do próprio Estado.
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