Opinião

EDITORIAL | Rumo para a indústria

EDITORIAL | Rumo para a indústria
Foto: Alisson J. Silva/Arquivo DC

A produção de veículos elétricos leves no mundo atingiu, a partir da China, escala que já permite afirmar que a substituição dos antigos, pouco eficientes e altamente poluidores motores a explosão estão bem próximos do desuso. Em termos industriais, não será exagero afirmar que uma nova revolução está em curso, com o modelo atual, de baterias elétricas, sendo apenas uma etapa de transição. Adiante, tudo leva a crer, serão predominantes que utilizarão motores elétricos alimentados por células geradoras de hidrogênio, sistema já viabilizado pela tecnologia existente. Este rumo será fundamental no sentido de não depender da eletricidade externa, escassa e cara, além de poluente, embora em menor escala.

Entender este cenário será fundamental para o Brasil, que dispõe de um parque industrial instalado e operante com capacidade para produzir perto de 5 milhões de unidades/ano. Hoje, sabe-se, o setor opera com grande ociosidade, situação que não deve mudar sem que, também aqui, o próprio modelo seja renovado. E nesse rumo, já se antecipa, com vantagem competitiva única, representada pela possibilidade de produção de veículos tracionados por motores com capacidade para produzir eletricidade a partir do etanol, de início destinado a modelos híbridos.

Um diferencial que a Stellantis, o grupo industrial que tem a italiana Fiat no controle e reúne as marcas Dodge e Jeep, dos Estados Unidos, e as francesas Peugeot e Citroen, que por sua vez controlam a Opel alemã, já enxergou. E, melhor, decidiu que a fábrica da Fiat em Betim será o centro de desenvolvimento de tecnologias para a produção e uso de motores híbridos, elétrico, tendo o etanol como combustível. Nada vago ou impreciso, como costuma acontecer nesse tipo de anúncio. Bem ao contrário, o grupo também informa que pretende apresentar os primeiros resultados dessa nova frente de trabalho ainda no corrente ano.

Definitivamente não é pouca coisa. Estamos falando da maior produtora de veículos leves no Brasil, além de líder de mercado, situação em que seus movimentos tendem a orientar todo o segmento. Estamos falando de futuro, de uma corrida que já começou e na qual o Brasil até agora está atrasado, o que inclusive compromete sua condição de um dos maiores produtores globais de material de transporte sobre rodas. Quando o País se dá conta de que enfrenta um processo de desindustrialização, quando a própria Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a retomada da economia necessariamente passa pela recuperação do setor, situação que o atual governo parece reconhecer, só cresce a importância da notícia comentada neste espaço.

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