EDITORIAL | Rumos para a Petrobras

A atual diretoria da Petrobras acaba de apresentar o plano de negócios da estatal para os próximos três anos, fixando em US$ 204 bilhões os investimentos no período. Nas circunstâncias, apenas uma formalidade, uma vez que o futuro governo já antecipou que pretende realizar mudanças na gestão da estatal, ampliar seus investimentos e, com certeza, abandonar a política de paridade entre os preços praticados internamente e as cotações internacionais. Por enquanto, pouco foi adiantado a respeito, mas o suficiente para incomodar o “mercado”, que nada de braçadas nos dividendos pagos pela Petrobras e ainda recentemente festejou a antecipação desses pagamentos. Generosidade nada comum e absolutamente estranha às políticas das grandes petrolíferas.
Seja como for, melhor olhar para frente, entendendo que a Petrobras foi concebida e erguida para atender a objetivos estratégicos do Brasil, garantindo suprimento de petróleo imune à especulação internacional. Estranho, absolutamente inaceitável, é que seja feito exatamente o contrário, o que muito mais que impactar negativamente na política de preços de derivados e, assim, indiretamente em toda a cadeia econômica, indiferentemente inclusive às questões estratégicas. Seria de se perguntar onde andam os tais patriotas que não se dão conta ou não se importam com o que acontece, abraçando a conveniente teoria, para alegria dos especuladores, de que tudo não passaria da eterna conspiração de “esquerdistas”. Enxergar quem perde e quem ganha bastaria.
Cabe esperar que estes sejam os rumos a partir do próximo ano e que investimentos sejam concentrados no refino, o erro estratégico – intencional? – que fez do Brasil autossuficiente em produção de óleo cru, mas depende de refinados que chegam às bombas a preços que em outras condições não seriam exorbitantes.
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