Opinião

EDITORIAL | Sabotagem explicitada

EDITORIAL | Sabotagem explicitada
Crédito: Brenda Blossom / stock.adobe.com

O noticiário da semana ficou por conta do presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, que, depois de pouco mais de um mês no cargo, preferiu pedir demissão a ser mais um defenestrado. Nada bom para o País, para a empresa, para o presidente da República e, na ponta final, para os consumidores de petróleo e tudo o mais que é transportado por caminhões.

A novela e seu enredo são bem conhecidos, tendo como ponto focal a paridade de preços com o mercado internacional, praticada desde 2016. Literalmente um beco sem saída, que joga o País, que lutou tanto e investiu recursos e conhecimentos para se livrar da dependência do petróleo importado, novamente no colo da Opep.

Atabalhoadamente, por conveniência e não por convicção, o presidente Bolsonaro tenta se livrar do abacaxi, enquanto o “mercado” esperneia, dizendo que a empresa não pode ser administrada politicamente, até porque está presa a rigorosos regulamentos internos e a obrigações próprias de quem tem ações negociadas na Bolsa de Nova Iorque.

É a visão de quem preferiria que a Petrobras não existisse, que suas reservas permanecessem como uma espécie de estoque estratégico e que os negócios domésticos continuassem nas mãos do cartel do petróleo. Muita preocupação com os acionistas, com o jogo internacional e zero preocupação com o que convém ao Brasil.

Sim, e ao contrário do que é dito, a Petrobras tem que ser administrada politicamente, tem que cumprir seu papel estratégico, tem que ser eficiente e nada disso impede que sua gestão seja competente e íntegra, valores, aliás, sejamos francos, incomuns na indústria do petróleo, onde definitivamente a ética não faz parte do portfólio de seus negócios.

Um pouquinho de história faria muito bem a quem pensa diferente e não sabe que o petróleo fez e desfez governos mundo afora, guerras até. A Petrobras, melhor dizendo, o ideal de seus construtores era justamente escapar dessas armadilhas. Os que são contra perderam a primeira batalha, mas pelo que se vê não desistiram da luta.

Elementarmente é preciso entender que a empresa existe para resguardar os interesses do País, garantindo suprimento de petróleo e seus derivados sem manipulação de preços. Tudo isso é política, só que no seu sentido mais verdadeiro, e foi exatamente por abandonar tal perspectiva que a situação se tornou tão grave.

Quem entende também a importância do petróleo na economia moderna não pode pensar diferente, entende que a Petrobras é do Brasil e dos brasileiros. Assim ela foi concebida, assim ela foi construída e assim deve permanecer.

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