EDITORIAL | Sem enxergar um horizonte
Definidos os candidatos e, na sua quase totalidade, completadas as chapas, a campanha para a eleição presidencial vai se aproximando da fase final, com o início dos debates e, na sequência, das campanhas publicitárias e na televisão. Até agora, nada de novo e nada de diferente, ajudando que se compreenda a aparente indiferença da maioria da população e os riscos de que a abstenção chegue a níveis preocupantes. Diante do tamanho dos problemas que estão pela frente, um quadro pouco animador.
Os candidatos, de um espectro a outro, com dose maior ou menor de elegância, dizem o mesmo, aquilo que imaginam que os eleitores gostariam de ouvir. E, também como sempre, fazem promessas, muitas promessas. Estão preocupados e ao mesmo tempo confiantes, porque dizem e repetem que o Brasil tem jeito. Antecipam reformas, mudanças efetivas, aquelas mesmas que são faladas e repetidas fazem, talvez, bem uns vinte anos. Reforma da Previdência, reforma tributária, reforma trabalhista e reforma do Estado. Sobretudo, reforma de princípios, num mundo quase ideal em que não haverá lugar para a corrupção, para os maus feitos.
Parece simples e parece fácil, mas na verdade não é nada disso. O candidato que chegar à frente no final da votação estará à frente, para não repetir a expressão que se desgastou, diante de uma herança indigesta. Não se trata tanto de saber o que fazer, como cortar despesas e dar mínima racionalidade aos gastos, mas de saber como fazer. Ou de construir uma coalisão minimamente consistente num universo de mais de trinta partidos políticos, e assim construir uma base que permita ao Executivo se movimentar. E ao eleito cumprir as promessas que agora repete, fingindo ao mesmo tempo que ignora a realidade.
A estas alturas, quem tiver pelo menos bom senso sabe que não será nada fácil, já entenderam que, conforme todos os indicativos disponíveis, teremos mais do mesmo. As mudanças mal ficaram nas aparências, o arremedo de reforma política foi na realidade uma sucessão de arranjos destinados a produzir efeitos opostos aos desejáveis e necessários. Assim, grosso modo, todo o processo eleitoral vai repetindo as mesmas práticas, enquanto os que de fato se apresentam com propostas inovadoras ou são inviáveis ou estão condenados a caírem na mesma armadilha.
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Há quem possa acreditar, no mundo político evidentemente, que ao fim e ao cabo tudo se arranjará, como de resto vem acontecendo faz bom tempo. Mas também poderá ser diferente. Os problemas que o País enfrenta se tornaram grandes demais e fora de controle e, nessas circunstâncias, a falta de alternativas e de projetos acaba por se transformar numa ameaça grande demais.
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