EDITORIAL | Sem espaço para crescer

Nos discursos pré-eleitorais, não faltou quem, situação ou oposição, que deixasse de fazer louvores à educação de qualidade, pública e universal. Para a maioria, este seria o pilar das transformações capazes de abreviar a caminhada dos brasileiros na direção de um futuro melhor, com desenvolvimento econômico e capacidade de competir. Nunca faltaram também aqueles que gostam de fazer comparações com a Coreia do Sul, lembrando que aquele país tinha, nas alturas dos anos 70, no século passado, uma economia equivalente ou menor que a brasileira, medida pela produção, comparação que não é mais possível. Hoje a economia coreana é algumas vezes maior que a brasileira, modificação atribuída à disciplina e a maciços investimentos em educação, desenvolvimento e pesquisa tecnologia, além de inovação.
Uma receita pronta e acabada, testada e aprovada, enfadonhamente repetida como exemplo, mas nunca copiada. Exemplos que comprovam o que está sendo dito são fartos, mas será suficiente lembrar que investimentos nesse campo só tem diminuído no Brasil. Mais precisamente: o Centro de Estudos Universidade, Sociedade e Ciência da Universidade Federal de São Paulo informou que as verbas para desenvolvimento no Brasil, se contadas a partir de 2010, perderam R$ 44 bilhões arrecadados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, mas estornados para o caixa do Tesouro Nacional.
Um exemplo forte, mas não o único. O mesmo fenômeno se repete da educação de base ao ensino superior, com todo o sistema tendo passado por severo processo de redução de dotações. E a tal ponto que reitores de algumas das universidades federais já disseram que não sabem se terão recursos para fechar suas contas no atual exercício, inclusive pagamento de funcionários e professores, isso depois que serviços como alimentação e limpeza foram cortados. Eis a atual realidade, verdade que a presente campanha eleitoral não registra, embora todos continuem repetindo que educação continua no alto da lista de prioridades.
No mundo real, em que se espera para o próximo ano condições ainda mais severas no que toca ao orçamento público, com restrições talvez inéditas, encolhe também o número de brasileiros, evidentemente aqueles que estão nas escalas inferiores de renda, que tem acesso à educação de qualidade e nela encontram o suporte que lhes possibilitará construir o futuro. Certo também é que a Coreia do Sul, tão apontada como exemplo, vai ficando cada vez mais distante e inalcançável.
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