Opinião

EDITORIAL | Sem espaço para desvios

EDITORIAL | Sem espaço para desvios
Crédito: REUTERS/Carla Carniel

Nessa reta final da campanha eleitoral será preciso muita atenção, muita vigilância e, da parte das autoridades, rigor extremo para que sejam evitados quaisquer desvios de conduta e de estrita observância da lei. Sinais que induzem preocupações nunca faltaram, todos sabemos, num movimento orquestrado e de propósitos nebulosos. Que tudo não passe de bravatas, como em inúmeras ocasiões anteriores, mas, independentemente dessa visão positiva, que os cidadãos de bem, dando suporte às instituições e seus representantes, saibam garantir que desvios sejam evitados e que provocações sejam ignoradas porque, afinal, não merecem mais que isso.

Os últimos dias foram repletos de sinais inquietantes, senão, benza Deus, de bravatas sem fundamento, mas numa sequência que nos pareceu bem articulada. Primeiro, e antes de viajar a Londres e Nova York, o senhor presidente da República, candidato à reeleição, pediu, certamente se dirigindo aos que ainda o consideram “mito”, que se armem, declarando-os uma espécie de exército particular. Depois, já em Londres, afirmou sem explicar como, que a vitória virá para ele ainda no primeiro turno. Em seguida, e sem variar de tema, disse, numa outra ocasião, que terá pelo menos 60% dos votos e se isso não acontecer será a confirmação de que as urnas não funcionam e que o Tribunal Superior Eleitoral (TST) está mesmo contaminado.

Nessa gangorra, poucos dias antes, cotejado com pesquisas de opinião críveis e que apontam na direção contrária, o candidato admitiu a possibilidade de perder, acrescentando que nessa hipótese simplesmente voltaria para casa, depois de passar o cargo, porque no seu entendimento já não tem idade para outras lidas. Mais uma vez nos vem à lembrança daquela imagem, lenda ou não, que ensina que um sapo colocado numa panela que vai sendo aquecida aos poucos não pula mesmo quando a água chega à fervura. No entanto, se a água já estiver quente quando ele é jogado, a reação é imediata e eficaz.

Resumindo, nada do que tem acontecido, inclusive os acontecimentos em Londres, em pleno luto pela morte da rainha Elizabeth, e já suficientemente conhecidos, não podem passar em branco como se nada tivesse acontecido.  Não cabe silêncio, não cabe dizer que “ele é assim mesmo”, dono de um gênio um tanto destemperado. Cabe, como dissemos antes, consciência e vigilância, uma vez que já se pode antecipar com razoável margem de segurança como a vontade coletiva, majoritária, será expressa nas urnas. Assim funciona a democracia e não existe espaço para nada que pretenda fazer diferente.

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