EDITORIAL | Sem tempo a perder

Já foi dito e vale repetir. O tempo é curto, muito curto, para o tamanho da tarefa a ser cumprida, constatação que leva a uma outra, a de que o Partido dos Trabalhadores (PT) não parece ter aprendido com os erros que cometeu no passado. São reflexões que nos ocorrem, e mais uma vez, a propósito dos trabalhos do grupo de transição, que parece estar patinando ou não se deu conta das proporções da tarefa de que está incumbida. Tanto mais, tudo faz crer, que será uma tarefa solitária, sem o concurso e comprometimento da gestão que termina.
Não será exagerado afirmar, e exatamente na data em que se completa um mês da vitória nas urnas, que até agora o grupo, que, conforme as disposições legais, deveria ter 50 integrantes, já bateu nos 400, que chegaram lá com o subterfúgio de que seriam voluntários, chamados a colaborar sem remuneração. Difícil, de qualquer forma, seria imaginar que tanta gente, tantos grupos e subgrupos possam chegar a pelo menos um rascunho de como será a transição propriamente dita, consequentemente qual o plano de trabalho para os primeiros meses do novo governo e seu rumo ao longo dos próximos quatro anos.
Diante do tamanho da tarefa e do pouco tempo disponível, talvez seria mais inteligente, além de mais efetivo, dedicar as próximas três semanas, uma vez que é difícil crer que a semana entre o Natal e o Ano Novo possa ser bem aproveitada se não para as provas finais do terno que o novo presidente da República irá vestir à definição de prioridades. Algo como já foi dito e repetido, deveria começar por garantir que a fome dos que se encontram abaixo da linha da pobreza seja aliviada, seguindo-se o entendimento de que para garantir o sucesso da primeira parte a segunda será mandar trancar todos os cofres. A julgar pelo que já é sabido a respeito das proporções do desequilíbrio das contas públicas, não existe outro ponto de partida que faça sentido.
Sem exagero e também sem abrir espaços para os pontos que permanecem obscuros no campo político, não parece nada difícil entender que é preciso parar, respirar fundo, tomar fôlego e então – prosseguindo com a linguagem figurada – arregaçar as mangas, deixar de lado o vício das discussões que não têm fim para enxergar a realidade e enfrentá-la, como se estivéssemos todos diante de um mutirão, ideia-síntese que pode ser tomada emprestada inclusive para permitir que os brasileiros se reencontrem, entendendo que os objetivos verdadeiros, aqueles que têm o poder de atropelar ambições, nos são comuns.
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