Opinião

EDITORIAL | Sem tempo para esperar

EDITORIAL | Sem tempo para esperar
Foto: Freepik

As contas não fecham, o déficit fiscal vai piorando com o tempo e a paralisação de setores vitais da economia, situação que se repete, na escala própria, na União, estados e municípios, num quadro geral em que Minas Gerais ocupa o fim da fila.

Tecnicamente é possível, com sacrifícios, virar a chave, o que não acontece porque decisões necessariamente incômodas esbarram na barreira de interesses políticos que não admitem ser contrariados.

É o que vem ocorrendo com a reforma da previdência estadual, cuja aprovação o Executivo dava como certa, mas que esbarrou na Assembleia, onde mesmo sabendo dos problemas que estão no horizonte, os parlamentares, em maioria, preferem agir de acordo com o que consideram melhor para seus interesses nas próximas eleições municipais.

Literalmente um jogo de curtíssimo prazo e que não contempla a abordagem, a sério, dos problemas que já estão colocados, menos ainda dos que fatalmente virão.

Em resumo, um imobilismo, ditado pelo corporativismo e pela visão estreita dos que devem tomar decisões cruciais. Até porque, como lembram alguns líderes empresariais e estudiosos, os problemas que o Estado enfrenta não dizem respeito exclusivamente ao ajuste fiscal e à reforma do sistema previdenciário, que não é suficiente para reequilibrar as contas e acumulação de recursos que ajudem na retomada do crescimento econômico.

Na realidade deveríamos todos estar trabalhando em torno de um conjunto de reformas que incluíssem também a estrutura administrativa do Estado, tornando-a mais leve, menos onerosa e mais eficiente, reduzindo custos e contribuindo para dar fim àquilo que um empresário chamou de “pesadelo da burocracia”.

Cada um desses passos, houvesse a responsabilidade reclamada dos agentes políticos, é que tornaria possível “criar o ambiente político, econômico, social e institucional para uma efetiva retomada do crescimento”, resume o presidente da Associação Comercial de Minas, Aguinaldo Diniz Filho.

Elementar cautela que, dizem, já foi cara aos mineiros. Porque a ausência, ou o atraso das reformas, entendidas como um conjunto de ações impostergáveis, levará a um beco sem saída, em que o Estado não conseguirá renegociar suas dívidas, não terá fundos e não poderá honrar com seus compromissos básicos e imediatos.

Deixar de agir com responsabilidade fatalmente nos condena a este destino, num retrocesso e empobrecimento que somente várias gerações, e com muito sacrifício, poderão recuperar.

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