EDITORIAL | Sem tempo para esperar
Encerrada a votação municipal e, assim, concluído o ciclo eleitoral, que, de uma forma ou de outra, ocupou as atenções dor círculos políticos nos últimos meses, sobretudo adiando, no Congresso Nacional, discussões de crucial importância, não será demais recomendar aos políticos que voltem a trabalhar.
Será enfadonho repetir que o Brasil tem pela frente problemas que vão sendo empurrados com a barriga justamente porque aos políticos importava mais conquistar simpatias e votos. Nesse sentido, a etapa concluída, tomada como uma espécie de ensaio, não pode, ou não deveria, ser substituída pela corrida de 2022, quando estará em jogo a cadeira presidencial.
Esse processo contínuo e que parece não ter fim ajuda a explicar muitos dos males do País, em especial do campo da gestão pública, na qual a régua e o compasso medem apenas aquilo que, aparentemente, agrada ou não aos eleitores. Assim, e não por acaso evidentemente, as discussões sobre o ajuste fiscal, que vêm da gestão passada, não saíram do lugar porque era mais importante não desagradar.
Da mesma forma e pelos menos motivos, as reformas administrativa e tributária, a primeira falsamente apresentada como ameaça ao funcionalismo quando deveria ser vista e compreendida como defesa da maioria deles, e a segunda com políticos e gestores mais graúdos, aqueles que fazem política com verbas que poderiam emagrecer.
Certo é que nessa toda fica difícil caminhar, menos ainda avançar, e disso dá sinal claro o Congresso Nacional ao antecipar – e pela boca do líder do governo – que a pauta econômica, reformas inclusive, poderá ficar para o ano que vem. Em resumo, dois anos perdidos e, pela frente, a ameaça de um déficit público que não para de crescer, o mesmo acontecendo com a dívida interna, que vai se aproximando perigosamente do equivalente ao PIB nacional sem que a rigor nada seja feito para conter este processo.
Como já foi dito e repetido neste espaço, o País está diante de problemas que demandam um plano de ação que não existe, além de coesão que leve a decisões mais sensatas, na perspectiva da boa gestão pública. Não temos recursos, o que é repetido à exaustão, mas poderíamos gastar melhor, avançando, por exemplo, na simplificação do sistema tributário, num jogo que só teria ganhadores, ou acabando, numa caneta única e definitiva, com os abusos que desmoralizam o tal teto de vencimentos do funcionalismo – marajás, evidentemente –, há muito transformado em peça de ficção.
Estamos falando exclusivamente daquilo que já deveria ter sido feito, que estaria a estas alturas produzindo resultados que certamente ajudariam a melhorar o que vem pela frente.
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