EDITORIAL | Sim, unidos somos fortes
Em seu discurso no parlatório do Palácio do Planalto, repetindo o que dissera pouco antes no Congresso Nacional ao receber o cargo, o presidente Lula não poupou adjetivos para definir a situação em que se encontra o País, arrasado para repetir uma de suas palavras. E não ficou, como virou hábito até recentemente, em acusações vagas. Ao contrário, informou que a Comissão de Transição preparou um relatório/diagnóstico com cerca de 100 páginas que será entregue nos próximos dias aos chefes do Legislativo e do Judiciário, além de outras autoridades, para que tomem melhor conhecimento do que se passa.
Atingiu o ponto fraco. Apontou o culpado sem meias palavras para acrescentar que os esforços daqui para frente têm que ser necessariamente de reconstrução, num jogo disciplinado, competente e, assegurou, sem qualquer risco de “gastança”. Depois de fazer da tradicional subida da rampa do Palácio o momento mais emocionante e mais significativo de todos os eventos do dia, o presidente da República, que chega ao cargo pela terceira vez, não precisaria ir além para demonstrar que muita coisa mudou e mudou para melhor, garantindo que chegará ao final de seu mandato com o País recuperado, de volta a seu lugar no planeta.
Lembrou que, para que este processo seja bem-sucedido, é fundamental promover a reconciliação nacional, prometendo que de sua parte os esforços serão para a pacificação, sem revanchismo. Mas com o cuidado, e responsabilidade que sua posição impõe, de também assegurar que não haverá impunidade, dentro do que a lei aponta e exige. Os magoados, que uma propaganda ensandecida e mentirosa tentou transformar em patriotas e naquilo que seria uma nova espécie de democratas, se recolheram, alguns entendendo que foram traídos. Fizeram barulho, incomodaram, mas, o essencial, nunca deixaram de ser inexpressiva minoria.
Que se acalmem como puderem e que a maioria dos brasileiros, que por certo não estão nessa condição, possa aceitar a mão estendida. Necessariamente não como um convite a adesão, mas, simplesmente, no entendimento de que os desafios que o País tem pela frente ou a aspiração de alcançar prosperidade que possa ser mais bem partilhada, não serão alcançadas sem objetivos muito bem definidos, que reflitam o ânimo coletivo, gerando assim uma força capaz, primeiro, de anular, de apagar a manipulação que a todos limita, exatamente confundindo e dividindo.
Em síntese, devemos todos tentar enxergar a maneira como o presidente escolheu entrar no Palácio do Planalto não como um ato ensaiado, de conveniência, e sim como a melhor expressão do que, unidos, podemos ser.
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