EDITORIAL | Sombras do futuro

A política no Brasil, além de todos os defeitos que carrega, pelos quais se paga um preço cada vez mais alto, é pobre, porque não foi capaz de produzir, desde sempre, valores de fato espelhados no País e não nesses pobres personagens. Não nos digam que estamos exagerando ou sendo pessimistas e a quem assim pensar recomendamos que, com isenção, avaliem o panorama, grupos e candidaturas que vão se formando, a rigor apenas repetindo tudo que já é bem conhecido e definitivamente não deu certo.
Dizem as pesquisas que a votação deverá ser polarizada, ficando entre os dois candidatos mais conhecidos, polos opostos que, ganhe um ou outro, significa que o antagonismo será mantido, junto com ele a paralisação que atazana quem de fato se preocupa com os problemas brasileiros e entende a urgência da construção de soluções que passem longe da mais medíocre demagogia. Alternativas, ou a tão sonhada terceira via, de fato não existem e não existirão porque perfis adequados estão muito longe do jogo e, mesmo se não estivessem, inexoravelmente, rapidamente cairiam nas armadilhas montadas justamente para barrar quem, eventualmente, enxergasse horizontes mais largos.
Essa realidade, percebida com a frieza da objetividade, no entanto, não basta para sepultar a ideia da terceira via, porém, segundo os observadores mais sensíveis de Brasília, distantes léguas dos objetivos iniciais. Na realidade, os que se apresentarão farão justamente o contrário, estarão no centro, se apresentarão como o equilíbrio entre extremos, mas na realidade estarão apenas armando uma jogada para, uma vez encerrada a votação, possam rapidamente aderir aos vencedores, não importa que direção os votos apontem.
Em resumo, não parece haver dúvida que ficaremos entre Lula e Bolsonaro, o que corresponde a uma inversão de sinais, o que não significa dizer que estejamos colocando na balança defeitos ou qualidades de um ou de outro. Estes, por sua vez, depois de repetir os mesmos discursos de independência e compromisso, cairão no colo da terceira via, designação difícil de dissociar do agora chamado centrão, o grupo que de fato governa o País desde a redemocratização e de uma maneira, todos estamos cansados de saber, nada republicana.
Resumindo, e independentemente da preferência de cada um, colocada a questão em termos bem simples para que sejam de fácil compreensão, estamos mais uma vez diante do dilema de mudar para que tudo continue no mesmo lugar. O futuro que continue esperando, se houver tempo.
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