Opinião

EDITORIAL | Somos todos vulneráveis

EDITORIAL | Somos todos vulneráveis
Crédito: Pexels

Absolutamente não existem certezas quanto à evolução da pandemia, que, depois de dois anos, continua assombrando o planeta. Na perspectiva de hoje e do mundo ocidental, tudo parece melhor, sugerindo que o pico do ataque do coronavírus possa ter ficado para trás. Pode ser, tanto quanto pode não ser e os contínuos alertas da Organização Mundial de Saúde, de outros organismos e de cientistas continuam sugerindo que a vacinação é e continuará sendo a abordagem médica mais eficaz, possivelmente a única que tenha permitido os avanços comentados. Estes alertas, na verdade, vão mais longe, sustentando que só haverá chance de tranquilidade no momento em que pelo menos 80% da população global tiver recebido pelo menos as três doses recomendadas da vacina.

Já foi dito também, a propósito dos negacionistas que vacinar não é uma opção individual, uma vez que tal opção escapa dos limites da liberdade individual, que põe em risco todo o restante da população. Apesar das resistências, ditadas muito mais por um nada inteligente oportunismo político, e das dificuldades iniciais que certamente custaram muitas e muitas vidas de brasileiros, felizmente o País avançou a um nível de cobertura que está próximo das nações ricas e desenvolvidas, o que porém não quer dizer, para nós e para eles, que a situação está controlada.

Absolutamente não, afirmam estudiosos e a própria OMS, sustentando sua afirmação com um dado aterrador, divulgado na semana passada com um claro sentido de alerta. Cerca de 85% da população da África, a região menos vacinada do mundo, não recebeu sequer uma dose do imunizante contra a Covid, situação de risco extremo para a população local e, claro, para o resto do planeta. Para comparação, a taxa de não vacinados da região supera em três vezes a da América Latina, onde as estimativas são de que 20% da população ainda não tenha recebido a primeira dose. Cabe assinalar que uma situação melhor que a da Europa (33%), América do Norte (30%), Ásia (29%) e Oceania (35%). E tudo isso, para os estudiosos, com clara consciência de que a subnotificação é um dado comum e que impede análise mais acurada.

Resumindo, não haverá segurança para ninguém, rico ou pobre, enquanto permanecer este desabalando, que inclusive favorece mutações, como tem sido demonstrado exatamente a partir da África. Cabe registrar, e enfatizar, que China e Estados Unidos prometeram, justamente quando surgiu a Ômicron, que bancariam um programa de vacinação na África, na escala necessária para barrar a pandemia. Como não são conhecidos movimentos concretos e amplos nessa direção, permanece o risco e a nada inteligente insegurança planetária.

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