EDITORIAL | Sonhando mais alto
Embora os resultados do mês de dezembro ainda não sejam conhecidos, a expectativa do agronegócio em Minas Gerais é que, pela primeira vez, as vendas externas do setor ultrapassem a marca dos U$ 10 bilhões. As contas da Secretaria da Agricultura vão na mesma direção, apontando inclusive em faturamento recorde, superando a marca de US$ 9,7 bilhões, relativa ao ano de 2011. Considerados embarques contabilizados até o mês de novembro passado, as exportações mineiras cresceram, em valor, 19,2% na comparação com igual período do ano anterior e, em volume, apresentaram queda de 2,2%. Para, uma vez mais, quebrar seu próprio recorde, basta que tenha sido repetida no mês de dezembro a média mensal apurada, na casa de U$ 800 milhões.
Este resultado, alcançado em período marcado por dificuldades internas e externas, a começar da pandemia, fez crescer também o saldo da balança comercial do Estado, estimado para o ano passado em US$ 8,6 bilhões, ou 18% a mais que no ano anterior. E, considerados os valores de 2020, o preço médio da tonelada exportada saltou de US$ 669,67 para US$ 816,32, ou 21,9% a mais, sem contar a variação cambial, também favorável ao produtor. Ainda segundo os dados oficiais, o café prossegue na condição de campeão de vendas, com 40,8% do valor total de embarques, seguindo-se a soja, com participação de 24,2%.
As condições do período considerado, internas e externas, valorizam – e muito – os resultados alcançados, não apenas contribuindo para o conjunto da economia no Estado e no País, mas igualmente reafirmando a força do agronegócio. Internamente, sob condições climáticas em determinados momentos muito desfavoráveis e, externamente, com retração marcante e episódios tão significativos quanto à suspensão de embarques de carne bovina para a China, fato que ajuda a explicar a redução de 6,2% no volume embarcado, ainda assim com crescimento de10,5% no faturamento. Resumindo e olhando para o conjunto das atividades no campo, que ainda enfrenta limitações muito grandes nas áreas de armazenamento e transporte, é possível afirmar que os ganhos apurados vieram essencialmente da eficiência.
E é nessa linha que o Brasil vai se aproximando cada vez mais da condição de principal produtor de alimentos no mundo, consolidando posição que lhe permite sonhar ainda mais alto. Estamos falando de agregar valor à oferta, com o incremento, na mesma escala, do processamento e industrialização, em condições que, além de perfeitamente viáveis, podem ser cruciais para a consolidação e expansão da economia regional, sonho ambicioso mas absolutamente realista.
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