EDITORIAL | Suspeitas de conveniência
Pode ter sido apenas bravata, conversa fiada que evidentemente não tem paternidade. Mas é muito sério e perigoso, podendo até ser tomado como uma espécie de aviso, numa ação preventiva a ser explorada na hipótese de alguma improvável surpresa. Estamos falando da mensagem enviada à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, garantindo que o candidato Jair Bolsonaro estaria “matematicamente eleito” e caso sua vitória não for confirmada, sobraria apenas a conclusão de que o processo foi fraudado.
Nessa hipótese, garante o documento apócrifo, a população iria às ruas até uma nova eleição com voto impresso. “Experimente deixar que isto aconteça”, arremata a nota em explícita e descabida ameaça.
Não faltariam loucos ou mal-intencionados para atitude desse tipo, mas, de qualquer forma, o estranho movimento não pode passar em branco, até porque dá sequência a insinuações – e afirmações – sobre a qualidade do processo eleitoral que vem circulando faz tempo, porém longe desse extremo na reta final. Desmentidos formais, até com sinais de indignação, são previsíveis e devidos, mas não encerram o assunto, no mínimo porque a mensagem é portadora de uma má ideia. Existem meios para investigar e a Polícia Federal, que já foi acionada, precisa ser ágil, seja para proteger as instituições, para tranquilizar e igualmente para apontar o provável farsante inconsequente.
Está suficientemente demonstrado e comprovado que o sistema eletrônico brasileiro, reconhecido como o mais avançado de todo o mundo, é também seguro e confiável. Está comprovado, em cerca de 20 anos de utilização, que não houve nenhum desvio relevante, assim como já foram esclarecidas – e desmentidas – as mentiras sobre possíveis fraudes no primeiro turno, acusações que eram, elas sim, fraudes toscas e sem nenhum fundamento. E tudo isso dá razão ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que classificou como criminosa a mensagem enviada à presidente do Superior Tribunal Eleitoral.
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A estas alturas, se entendidos como aceitáveis os resultados apontados pelas pesquisas de opinião, o resultado da votação de domingo já pode ser dado como conhecido, mesmo considerada a margem de erro. Esse provável resultado não diminui em nada a gravidade da acusação enviada ao TSE, menos ainda as ameaças nela contida, que absolutamente não podem ser dadas como simples excessos próprios de campanhas eleitorais. Nada disso. Até mesmo para legitimar a provável vitória de Jair Bolsonaro, é fundamental que tudo se esclareça, porque caso contrário ele também ficará mal.
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