EDITORIAL | Tarefas urgentes

Embora os resultados trimestrais tenham ficado abaixo do que era esperado, ainda é possível imaginar que o crescimento do PIB este ano fique em torno dos 5%. Um bom sinal, sem dúvida, ainda que favorecido pela base de comparação muito baixa.
Repetir este crescimento no próximo ano seria um feito relevante, improvável, no entanto, por conta da aproximação das eleições, num clima político bastante pesado e incerto. Por outro lado, alguns sinais, ainda tênues mas igualmente positivos com relação à pandemia, alimenta esperanças de que o pior tenha ficado para trás.
Na perspectiva da economia, que é o tema deste comentário, os sinais são, portanto, de algum alívio, que seriam mais fortes fossem melhores os sinais que vêm da política. Resumindo, é bem possível que não seja excesso de otimismo imaginar que a recuperação, em bases mais sólidas e permanentes, pode não estar distante, alimentada também pelo desempenho dos países industrializados.
Vamos respirar fundo, vamos torcer, mas sobretudo tratar de, finalmente, caminhar na direção certa. Por exemplo, há que indagar, confirmada a hipótese mais otimista, como assegurar o necessário suprimento de energia elétrica. Mais a fundo, como serão respondidas as demandas de infraestrutura.
São perguntas que demandam respostas rápidas, conforme sugere o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, bem avaliado pelo seu desempenho, que está reclamando verba de R$ 5 bilhões, a primeira metade ainda para este ano e a segunda para 2022, a ser utilizada na manutenção e recuperação de 30 mil quilômetros de rodovias no País.
O programa já está pronto e, havendo dinheiro, as obras podem começar imediatamente, possibilidade que tem a seu favor a aproximação das eleições. Cabe lembrar que levantamento recente da Confederação Nacional dos Transportes aponta que 60% das rodovias brasileiras estão em condições insatisfatórias, elevando a insegurança e encarecendo fretes.
Apontando o elementar, já é possível formar um juízo sobre as proporções que temos à frente, derrubando a falsa noção de que desbravar a trilha do crescimento depende exclusivamente de boa gestão combinada com vontade política.
Existe farta disponibilidade de capitais no mundo, escassez de projetos, demanda reprimida e alta capacidade ociosa. Diriam os manuais de economia que são condições muito favoráveis e, nesse ambiente, o Brasil pode oferecer algumas vantagens muito provavelmente sem comparação. Desde que seja capaz também de recuperar a confiança dos agentes externos.
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