EDITORIAL | Tempo curto, caminho longo
Muito se tem feito, mas ainda há muito o que se fazer quando o assunto é a Agenda 2030, plano traçado e em execução desde 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o envolvimento das sociedades em geral. Faltando apenas sete anos para o “prazo”, acumulam-se obstáculos aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) – mecanismos que, se cumpridos, permitirão à humanidade chegar à próxima década em uma realidade mais justa e equânime, dos pontos de vista econômico, social e ambiental. As barreiras vão desde questões econômicas a questões culturais. E sempre surgem novas, dada a dinâmica e a dialética dos povos.
A grande questão é: olhando a atualidade, será que realmente teremos em sete anos um mundo sem pobreza e que protege o meio ambiente em 2030? Teremos um mundo onde as pessoas, em todos os lugares, de fato, desfrutem de paz e de prosperidade? Será utopia?
A grande verdade é que o tempo está curto em relação ao prazo estabelecido, mas o caminho a percorrer ainda é longo. Fala-se até em criar uma nova agenda, com novos objetivos e prazos, mais atualizada.
Segundo o CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, Carlo Linkevieius Pereira, em visita ao DIÁRIO DO COMÉRCIO nesta semana, “a gente não vai bem”, em relação à Agenda 2030. Ele destacou em conversa com a redação que a pandemia e as guerras localizadas interferiram negativamente em muitas ações. Questões culturais, em especial as que têm relação com o conservadorismo ou que estão associadas às pautas e teor muito progressistas, também têm seu peso.
Não, este não é um mero questionamento pessimista sobre a Agenda 2030. Muito pelo contrário. Apesar de tudo, Pereira destacou que “nunca se fez tanto” em todas as áreas. Avanços como, por exemplo, os relatórios de sustentabilidade e práticas de inclusão que vêm sendo adotados pelas empresas são uma prova de que a coisa está andando, ainda que mais lenta do que se esperava.
Novas leis sobre produtos e mercados aprovadas em vários países para garantir um consumo consciente e uma produção sustentável também caminham em direção aos ODSs. Mas poderíamos estar fazendo muito mais hoje, principalmente do ponto de vista das empresas.
Com o nome Agenda 2030 ou seja lá outro que se crie, o propósito é sempre o mesmo: acabar com as guerras, a fome e a miséria na humanidade e fazer com que todos tenham oportunidades para viver uma vida de paz e prosperidade.
Hoje pode parecer quase uma utopia, dadas as circunstâncias. Mas talvez amanhã não seja, se cada um se apropriar agora de suas responsabilidades e fizer sua parte. Parece clichê, mas a mudança que queremos no mundo começa mesmo é em cada um de nós, em nossas pequenas e grandes ações no dia a dia, que precisam ser pautadas pela ética e pelas responsabilidades tão difundidas nos 17 ODSs aprovados pela ONU em 2015. Isso vale para cidadãos, empresas e para nós, imprensa.
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