Opinião

EDITORIAL | Terra sem lei e sem Estado

EDITORIAL | Terra sem lei e sem Estado
Divulgação: EBC / DIVULGAÇÃO

A violência e criminalidade no Brasil assumem proporções diversas, assim como sobram evidências de que são alimentadas por organizações criminosas que operam a partir das prisões, controlando do tráfico de drogas aos cada vez melhor articulados ataques a bancos. Em aparente associação com o primeiro grupo, ganham força as milícias, das quais talvez seja próprio dizer que operam no atacado do crime, além de dominarem, em centros como Rio de Janeiro e São Paulo, o transporte, comércio de GLP e até distribuição de serviços de televisão a cabo, tudo isso clandestinamente.

Diante desse estado de coisas, nada mais deveria espantar, como o acontecido em São Paulo, no início da semana, quando a principal Cracolândia local decidiu expandir o espaço que ocupa e, sem qualquer tipo proporcional de ação policial, promoveu um arrastão na região, tendo como principal alvo automóveis particulares que estavam no lugar errado na hora errada. Tudo a luz do sol, isso sem qualquer ação efetiva de contenção, talvez porque, há dois anos, o governador do Estado tenha decretado, unilateralmente, o fim da Cracolândia e possa imaginar que ela não existe mais.

Tudo isso faz parte de uma rotina à qual as pessoas já parecem acostumadas, insensíveis, não se dando conta inclusive que existem no País, e cada vez maiores, territórios independentes, com suas próprias leis, absolutamente fora do controle do Estado. Sobre o acontecido, nenhuma reação proporcional, mas uma coincidência a registrar. Anunciou-se, no dia seguinte, o fim da cobrança de imposto de importação para armas leves e, quase ao mesmo tempo, o fim do controle de rastreamento de armas de maior porte.

Segundo o Exército Brasileiro, apenas no ano passado, entraram no País, legalmente e beneficiadas pelo afrouxamento dos controles, 155 mil armas, 60% a mais que no ano anterior. E é pura ilusão que tais armamentos possam garantir a defesa de cidadãos de bem, sendo comprovado que o risco aumenta, até porque estas armas, de uma maneira ou de outra, acabam ajudando a reforçar os arsenais da criminalidade.

Em síntese, e concluindo, estamos todos, brasileiros, indefesos diante de mais uma daquelas situações para as quais não é possível encontrar explicação no terreno da racionalidade.

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