[EDITORIAL] Todos agora na mesma direção
Há quem enxergue o Brasil dividido entre esquerda e direita, entre petistas e as hostes contrárias, hoje vencedoras. A recente campanha política, marcada por novas ferramentas de rica tecnologia e pobres resultados, em que o maior atributo parece ter sido a capacidade de difundir mentiras rapidamente e numa escala nunca vista, reforça a ideia, provocando um acirramento de ânimos igualmente inédito. A ideia da divisão, de dois blocos em que só existem vitoriosos e perdedores, é falsa e os números da votação no segundo turno comprovam este fato. Os que ficaram de fora por escolha, não comparecendo, não votando ou anulando o voto formam um terceiro bloco, numericamente maior, que reúne os descrentes. É preciso entender esta realidade para concluir que a divisão apontada não é tão simples como se procura fazer crer.
Trata-se, em realidade, do primeiro passo para mudar, quebrando a ideia de que o País esteja dividido, como uma espécie de torcida de times de futebol, irreconciliáveis. Não é assim, não precisa ser assim e, sobretudo, não pode ser assim. Afinal a tarefa que temos pela frente é grande demais, complexa demais, e só poderá ser levada a cabo com união e soma de esforços. Nada de “eles” e “nós”, de torcida contra, quando todos deveriam estar perseguindo o mesmo objetivo, o de recolocar o Brasil na rota do crescimento econômico, abrindo caminho para a remoção das distorções que nos sufocam. E não foi, afinal, o que uns e outros prometeram durante a campanha eleitoral?
Como vencedor, cabe ao presidente eleito Jair Bolsonaro levantar a bandeira branda, dar o sinal, fazer o convite. Nada que se aproxime de algum tipo de alinhamento ideológico, de supressão do pensamento individual. Apenas o entendimento de que passou da hora de construir apenas projetos de poder, alimentando desvios que não precisam ser mais uma vez enumerados. Estamos pensando nas urgências, nas questões críticas que o País precisa enfrentar e que são, ou deveriam ser, pontos de convergência. Protelar mais significa piorar para todos, impor sacrifícios ainda maiores, repetindo a velha pratica do quanto pior melhor e que interessa a muito poucos.
Este será o jogo para perder, o jogo sem resultados, mostrando que as lições do passado não foram aprendidas. Ou que faltou o verdadeiro espírito público, propulsor das transformações que vão sendo adiadas à custa de tantos sacrifícios. Vamos esperar, vamos torcer com nosso máximo empenho, para que agora, e finalmente, possa ser diferente, com as energias mobilizadas durante a campanha canalizadas para o objetivo comum de transformar o País para melhor. É possível e é urgente, pelo menos do ponto de vista dos que, de fato, colocam o Brasil em primeiro lugar.
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