EDITORIAL | Transição traz alívio

Há uma semana apenas, diante das intempestivas reações de uma minoria ao resultado das eleições, os sentimentos dos brasileiros eram, predominantemente, de preocupação. Felizmente, é de se esperar que os descontentes tenham entendido que democracia não é expressão exclusiva de seus desejos e possamos, brasileiros que somos todos, caminhar na direção do acerto, tradução do bem comum. Nesta terça-feira, quando terão início os trabalhos de transição entre o governo que sai e o que entra, será um dia marcante e de esperanças renovadas.
É o que se pode esperar de alguns movimentos observados já na semana que passou. Primeiro a saudação do vice-presidente Hamilton Mourão a seu sucessor, transmitindo-lhe a disposição de seu governo de colaborar e facilitar ao máximo a transição, seguindo-se visita de Alkmin ao Palácio do Planalto para formalizar o contato e, não sem uma grande dose de surpresa, a ida do presidente Jair Bolsonaro ao Planalto especialmente para cumprimentar o vice-presidente eleito. Gestos de civilidade que contribuíram inclusive para reduzir os temores de que a transmissão do cargo, em janeiro, se dará sem contratempos.
Sobre a transição, cujos pontos centrais começaram a ser discutidos informalmente também na semana passada, o importante agora é que as duas equipes trabalhem integradas e tendo como único objetivo fazer o melhor, não para um ou outro grupo, mas para o Brasil. É o que verdadeiramente importa, sabendo-se que temos pela frente problemas que não são pequenos, a começar da remontagem do orçamento, de tal forma que nele caibam, pelo menos, as urgências. Receita elementar, ainda que pouco utilizada, será preciso gastar menos, muito menos, e gastar melhor.
Atender aos mais pobres, aos que estão em situação de miséria e fome, é mandatário, é compromisso reiterado do futuro presidente, que diz entender a emergência. Não há o que discutir. O mesmo não pode ser dito acerca da anunciada criação de novos ministérios, feitas as contas pelo menos uns seis, e que muito provavelmente é dos piores e mais assustadores sinais de gastança, da repetição de práticas político-administrativas que levaram o País ao abismo. É preciso, sim, agir, fazer muitas coisas, com compromisso, inteligência e bom senso, sem que seja preciso sair pendurando placas de novos ministérios para gastar e abrigar conveniências um tanto particulares.
Não, absolutamente não. Cabe esperar que seja esta também a compreensão – e determinação – dos responsáveis pelo trabalho que começa hoje, livre dos arroubos, até certo ponto compreensíveis, de palanques.
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