Opinião

EDITORIAL | Um lugar no futuro

EDITORIAL | Um lugar no futuro
Crédito: Reprodução

Graças aos avanços da microeletrônica e, consequentemente, da informática, o planeta conheceu, a partir dos anos 70 ainda no século passado, transformações maiores e mais rápidas que todas as anteriores. Foi só o começo de uma sucessão de avanços que torna possível, hoje, que um telefone celular de última geração seja capaz de processar 1,5 bilhão de informações em apenas um segundo. E tudo isso está longe de ser o fim de um ciclo, ao contrário.

O próximo passo, a tecnologia batizada de 5G, está chegando, viabilizada técnica e comercialmente elevará a informática a um novo patamar, a inteligência artificial, capaz de acelerar e facilitar praticamente todas as atividades humanas, da medicina e educação à economia e à produção.

Repetindo, não estamos nos domínios da ficção científica, não estamos sonhando, estamos, sim, e sem exagero algum, próximo de um novo tempo. Eis porque já existe claramente uma corrida em torno dessa tecnologia, em que os Estados Unidos movem céus e terras para garantir seu domínio, mas esbarram na China, cujos avanços nesse campo aparentemente são maiores, mais consolidados e, sobretudo, menos custosos.

Eis porque o presidente Donald Trump faz o que pode e o que não pode para impor a tecnologia oriunda de seu país e, sobretudo, impedir que os avanços da China se espalhem. E sem qualquer disfarce, na base de ameaças e chantagem, como tem acontecido com o Brasil, um dos países que os norte-americanos têm pretensão de serem fornecedores únicos da nova tecnologia. Nada faz crer, dada a importância da matéria, que o futuro presidente, Joe Biden, acha de forma diferente.

Cabe esperar, cabe exigir, que o Brasil não caia nessa armadilha e entenda claramente o que está em jogo. Claramente, para não se submeter a nenhum dos dois países, ao contrário, para saber tirar partido de sua própria condição, fazendo o que for melhor não para um ou outro, mas para si mesmo. Vale dizer, mantendo uma posição independente e de equilíbrio, sabendo colocar os seus interesses em primeiro lugar para dessa forma conseguir algum espaço autônomo nesse mundo novo que está surgindo e que pouca relação guardará com o que conhecemos hoje.

O que não podemos, definitivamente, é aceitar, de um ou de outro, comprar tecnologia e serviços, um processo que seria necessariamente de escalada da dependência. Fique também entendido que esta não é uma política de governo, dependente dos humores ou preferências seja de quem for. Falamos de uma política de Estado, permanente, e que, sem medo de errar a julgar pelo que tem sido dito, será definidora do futuro de todos nós.

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