Opinião

EDITORIAL | Um olhar diferente

EDITORIAL | Um olhar diferente
Crédito: Freepik

Para alguns, a passagem de ano é apenas um dado a mais na contagem do tempo, conforme as normas estabelecidas desde muito. Para um grupo certamente maior, é também um marco ou recomeço, com propósitos e metas que incluem os mais diversos planos. Ano novo, vida nova, por consequência é o mote repetido à exaustão nesses dias, alimentando a crença de que o melhor, o desejado, está à frente e ao alcance. Vale para o indivíduo, vale para o conjunto da população, vale para o país, sobretudo no entendimento de que se todos fizermos melhor, poderá ser de fato melhor. Uma renovação que anima, renova energias, apesar da legião de pessimistas ou descrentes, dependendo do olhar e da vontade.

Fato é que o ano começa com incertezas, com a pandemia exibindo um novo ciclo de escalada, do qual na verdade ainda pouco se sabe, com repercussões na economia, depois de dois anos de dificuldades. Persistem incertezas diante das quais continua sendo temerário fazer previsões, mesmo tentar imaginar quando e como chegará o tão desejado alívio.  Tantas questões, tantas dificuldades e uma única certeza: a pandemia desnudou a fragilidade do planeta, cujos avanços econômicos ou tecnológicos não barraram seu avanço e ajudou a desnudar diferenças tão irracionais e sem propósito quanto às guerras e parecendo deixar claro que os mais afortunados só poderão escapar se, de fato, derem as mãos aos que não têm forças para reagir. Nesse sentido, poderemos também afirmar que estamos todos diante de uma oportunidade bem maior que as ameaças.

Na virada do ano, no momento de renovar propósitos, este deveria ser, sem espaço para dúvidas ou questionamentos, o ponto focal. A riqueza  confinada, mesmo que tenha crescido em volume e concentração nesses dias difíceis, não rende o que poderia e deveria render, acaba transformada em ativo de alto risco. Da mesma forma que o saber acumulado e as tecnologias inovadoras perdem grande parte de seu sentido, instrumentalizadas não exatamente em nome e para o bem coletivo.

Cabe refletir, cabe corrigir erros que já foram suficientemente expostos, cabe entender que igualdade não se resume a bons propósitos, quando eles existem. O que realmente importa continua sendo a possibilidade de dar melhor destino a recursos e conhecimentos acumulados, entendendo que esta é a única fórmula de restabelecer o equilíbrio que não está muito longe de ser condição de sobrevivência, no entendimento que já deveria ser elementar de que não existe outra forma de produzir bem-estar e segurança para todos. Ou de, finalmente, comprovar que ano novo pode mesmo significar vida nova.

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