EDITORIAL | Um projeto para o País

Em meio a uma crise de proporções tão graves quanto inéditas no País, com a pandemia batendo recorde de mais de duas mil mortes num único dia, políticos e gestores públicos, desde o mais alto escalão, não pensam em outra coisa. Seu único objetivo, seu único interesse, está fixado na eleição presidencial do próximo ano, agora com o dado novo de que o ex-presidente Lula tem boas chances de entrar na disputa.
Curiosamente, não muda também o discurso. O ex-presidente diz, repetindo velho mantra, que ainda não é hora de tratar do assunto, que entrará em pauta no tempo oportuno, enquanto Bolsonaro o acusa de antecipar a campanha, coisa que ele próprio já faz há bom tempo.
Brasília, definitivamente, virou a terra da fantasia, enquanto o resto do Brasil padece do mais completo abandono. Para piorar, o debate político vai tomando o rumo do pior, de um confronto que não leva a nada que se aproxime do desejável.
“Nós” e “eles” mais uma vez, numa polarização de todo indesejável, principalmente diante das circunstâncias que se apresentam no campo da administração pública. O projeto é de poder, postura assumida como se fosse a coisa mais natural do mundo, mesmo que a custa de um aumento de tensões que se aproximam de um ponto muito perigoso.
As duas hipóteses que estão no centro do debate são, no nosso entendimento, insatisfatórias, porque destinadas a ampliar o conflito quando é absolutamente fundamental convergir e não divergir. Igualmente falsa, e independentemente de posições e preferências individuais, é imaginar que um representa o bem e outro o contrário, não importa em que ordem.
No Brasil real a política parece ser conduzida por um sistema muito bem instalado e enraizado e até aos menos atentos isto fica claro quando se examina a lista de personagens que, entra governo sai governo, continuam agarrados ao poder, sem sinais de pudor ou coerência, como aquele parlamentar que foi líder da bancada do governo desde a gestão do presidente Sarney e passando por cada um de seus sucessores, até o atual.
Definitivamente, sem que se escape da polarização que ressurge mais forte, não há como enxergar um futuro melhor. Um entendimento elementar que literalmente implora por algum tipo de convergência, de construção de alianças mais amplas e fundamentadas não mais na ambição do poder e sim na apresentação e realização de um projeto que não será de partidos, governos ou personagens do mundo político, será do Brasil para devolver a todos esperança e a confiança.
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