Opinião

EDITORIAL | Uma ameaça a considerar

EDITORIAL | Uma ameaça a considerar
Crédito: REUTERS/Christian Hartmann

A pandemia da coronavírus avança pelo mundo, provocando medo e perplexidade. As imagens de algumas das principais cidades europeias, transformadas, de um momento para outro, em cidades-fantasma, assustam, como se ninguém pudesse imaginar a possibilidade de ver Paris ou Roma vazias, sem o vai e vem tradicional de pessoas e veículos, sem turistas com suas máquinas fotográficas e de filmar, agora incorporadas aos telefones celulares.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, da ONU, o epicentro da pandemia deslocou-se da Ásia para a Europa, onde a curva ascendente de contágios prossegue. O grande temor continua sendo que esse ritmo avance com velocidade e além da capacidade de atendimento, fugindo ao controle.

No Brasil, todos sabemos, as preocupações não são menores, embora os números, comparativamente pelo menos, ainda sejam menos assustadores, mas com aceleração prevista para estes dias.

O drama – e a incerteza – está na impossibilidade de qualquer estimativa razoável sobre a evolução do quadro, restando a comparação possível com os acontecimentos na China, que somente depois de três meses, quase quatro, começa a voltar à normalidade, com a população local comemorando.

Nesse clima, um fator decisivo parece ser também a velocidade da propagação de informações, resultado do poder e da facilidade de acesso às novas tecnologias, por ironia, uma vantagem que acaba transformada em mais um problema na medida em que alimenta justamente a desinformação.

O que teria a ganhar, afinal, o indivíduo que ocupa as redes sociais, se apresenta como químico autodidata e afirma, categórico, que o álcool gel não produz nenhum efeito em termos da pretendida e necessária assepsia, recomendando o uso de vinagre para esse fim? Justamente o contrário do que dizem os médicos e autoridades credenciadas, pondo em risco evidente os crédulos que porventura o tenham ouvido?

Um exemplo entre tantos, milhares de milhares talvez, um risco grave ajudando a reforçar a ideia de que estes novos instrumentos de comunicação não podem continuar sendo terra de ninguém, fora de qualquer controle razoável, que os fatos mostram ser necessário e absolutamente não devem ser confundidos com censura ou qualquer agressão à liberdade.
De pronto, as urgências são outras, mas é preciso ter em conta que, nas condições presentes, o pânico pode ser o pior dos inimigos.

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