Opinião

EDITORIAL | Uma bomba está armada

EDITORIAL | Uma bomba está armada
Crédito: Freepik

Depois de anunciar mais um aumento nos preços da gasolina e óleo diesel, agravando uma situação que faz muito passou do suportável, a Petrobras, cuja privatização volta a acalentar sonhos do Planalto, revela agora que o País está na iminência de um processo de desabastecimento. E nada colocado na linha do horizonte, pelo contrário, pode acontecer já a partir do próximo mês de novembro. Nada que pareça assustar a cúpula do governo, cujo discurso monocórdio prossegue fixado nos mesmos temas.

Objetivamente, a estatal informa, e curiosamente sem qualquer referência anterior ao tema, que o consumo cresceu além do previsível por conta da redução da pandemia, progressiva volta à normalidade e algum aquecimento da economia. Nessa conjuntura os cálculos indicam que para novembro o aumento no consumo de diesel deverá ser de 20% e, para a gasolina, pelo menos a metade desse percentual.

Claramente o País errou a mão nas suas contas quando decidiu priorizar investimentos e atenções na prospecção e extração de petróleo em águas profundas, alcançando reservas que se contam entre as maiores do planeta, mas deixando em segundo plano o refino. Resultado, hoje somos autossuficientes, chegamos a exportar óleo cru, mas somos importadores de gasolina e corremos o risco de incluir brevemente o diesel, hoje exportado para países como a Bolívia, nessa conta. Temos petróleo, poderemos estar tranquilos senão em posição de força, mas, se não bastassem os equívocos da estratégia adotada, ainda por cima alinhamos os preços praticados internamente às cotações, notória e comprovadamente manipuladas, ditadas pelas grandes potências econômicas mundiais, que fazem do petróleo seu principal ativo econômico, usando a mão do gato, no caso a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) para suas investidas.

Seria o caso de lembrar mais uma vez que o que está ruim sempre possa ficar pior. Apenas este ano o litro de gasolina acumula aumento de 40,9% para os consumidores finais, enquanto para o diesel, que não impacta apenas os caminhoneiros, mas todos os setores da economia, a alta chegou aos 37,99%.

Enquanto isso a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informa que “não há indicação de desabastecimento no mercado nacional nesse momento”, embora distribuidoras informem ter recebido nota da Petrobras informando corte de 50% nos pedidos, o que para os distribuidores “coloca o Brasil em  situação de potencial desabastecimento”.

Enquanto isso o ministro da Economia, vendendo tranquilidade e otimismo, diz que o Brasil está firme na rota da recuperação e do crescimento. Não é o que sugere as notícias comentadas, mas deve ser culpa da imprensa.

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