Opinião

EDITORIAL | Vazio a ser preenchido

EDITORIAL | Vazio a ser preenchido
Crédito: Divulgação

Bolsonaro, com a força de ter em mãos a caneta do tudo pode e tudo faz; Lula, carregando uma memória que não há como ser apagada e, dizem pesquisas de opinião, dono, hoje, de uma frente folgada sobre quaisquer de seus contendores; e Cyro Gomes, dentre os nomes que circulam como possíveis candidatos nas eleições presidenciais do próximo ano, dono do maior capital político, evidentemente fora os dois líderes.

Não  pretendemos falar de preferências, de qualidades ou defeitos de cada um. O objetivo é chamar atenção para aquilo que um dia, salvo engano, Ulisses Guimarães chamou de fulanização da política, que não deixa de ser uma forma de controle e limitação, além de alimentar as ilusões dos que continuam acreditando que possa existir um salvador da pátria.

Quem quiser enxergar, que se dispuser a um mínimo esforço de memória, sabe perfeitamente bem que não é assim que funciona. O candidato, o nome ungido primeiro por seus pares políticos, depois pelos eleitores, na realidade importa muito pouco, quase nada, independentemente até de sua própria capacidade de provocar tumultos e desorientar.

O poder real, o que conta mesmo, se aloja em outras bandas e está muito bem representado pelo grupo fisiológico batizado de Centrão. Desde a redemocratização, quando eram muitos os sonhos e as esperanças, o mesmo grupo, mais ou menos nos bastidores, deu as cartas e a ele se curvou, de uma forma ou de outra, quem conseguiu ocupar a cadeira presidencial durante todo o seu mandato, exatamente porque dono da habilidade de saber muito bem o lugar certo do beija mão.

Um ciclo que se repete e prossegue, sem sinais de mudanças. Como agora, fala-se em nome e em preferências, como se qualquer um deles, ou quem venha a aparecer, possa responder aos desafios que estão colocados aos brasileiros. Falta a compreensão da realidade, falta um verdadeiro projeto para o País, falta devolver à política e aos políticos seu lugar de honra.

E falta tempo, infelizmente, para que sejam feitas as mudanças necessárias, no lugar dos arranjos, que, como agora, apenas ajudam a consolidar tudo aquilo que ajuda a explicar o beco sem saída que os maus políticos, ajudados e suportados pelos interesseiros de toda ordem, construíram.

Resta aos cidadãos de bem, aqueles que têm princípios e ideais, enxergar a realidade e ocupar o lugar que lhes cabe, preenchendo o vazio de ideias e de valores que parece ter tomado conta do País, em proporções que não têm procedentes.

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