EDITORIAL | Votar com consciência

Definitivamente o Brasil é um país de acontecimentos, que fogem ao normal. Somos a terra em que juízes perdem suas funções por delitos graves, mas não perdem seus proventos; a terra das leis que não pegam; do parlamentar condenado e preso, mas pode sair da cadeia para ocupar sua cadeira e em nenhum desses casos parece haver qualquer anormalidade. Como acaba de acontecer no Rio de Janeiro, onde um jovem vereador foi cassado depois de julgado e condenado pela prática reiterada de crimes sexuais, mas, tudo indica, não será impedido de concorrer a uma cadeira na Câmara federal na eleição de outubro. Extravagâncias que tornam mais fácil a compreensão de todo o resto, inclusive a pretensão, neste caso felizmente barrada, do ex-deputado Eduardo Cunha regressar à Câmara, nada a estranhar quando até um veterano ator de filmes pornográficos tem o mesmo objetivo.
Os resultados desse vale-tudo são aqueles que se pode esperar, resumidamente, a continuidade de um processo apodrecido, enquanto todas as atenções continuam voltadas para as duas candidaturas presidenciais já apontadas como detentoras das maiores chances de sucesso e a respeito das quais a discussão mais relevante, independentemente de quem possa vencer, é antecipar quanto tempo levarão para aderir ao Centrão ao qual entregam o governo na ilusão de que em verdade estão construindo a governabilidade. Tem sido assim, o que explica o pessimismo desse comentário, mas não nos impede que pode, ou poderia, ser diferente.
Não é necessário voltar no tempo para lembrar a prometida reforma política, até agora sempre adiada porque poderia representar, pelo menos, a chance de melhorar de fato. Ou a retomada de um caminho viável para a consolidação da democracia em nosso País, com a gestão pública colocada num plano mais digno, entendidos, conhecidos e respeitados os verdadeiros objetivos nacionais. O ponto de partida verdadeiro para a construção de um roteiro conhecido, mas que continua por ser escrito.
Felizmente ainda existe uma brecha, um espaço que pode ser ocupado e pode também mudar tudo. Na eleição de outubro escolheremos, os brasileiros, também os integrantes do Legislativo, nas esferas federal, estadual e municipal. Eis a brecha, nossa chance de realmente devolver à nação brasileira chances de um destino melhor. Trata-se, em primeiro lugar, de entender que esta será a escolha mais importante, aquela que mais pode fazer diferença e mudar rumos. É absolutamente fundamental que cada eleitor brasileiro tenha em mente a realidade e, consequentemente, consciência de seu próprio poder e responsabilidade. Tudo isso para fazer a melhor escolha possível e dessa forma dar uma chance a seu país.
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