Editorial

A Pampulha no seu lugar

A Pampulha no seu lugar
Conclusão da primeira etapa do desassoreamento de um dos principais cartões-postais de BH está prevista para 2029 | Crédito: Alessandro Carvalho

A Prefeitura de Belo Horizonte acaba de anunciar investimentos, com recursos próprios e no montante inicial de R$ 100 milhões no desassoreamento da Lagoa da Pampulha. Obras começam em abril do próximo ano, começando pelo canal dos córregos Ressaca e Sarandi, etapa que vai durar 5 anos, o suficiente para que sejam desassoreados 700 mil m3, ou 140 mil m3 por ano. Cabe assinalar, recorrendo a informações da própria PBH, que nas condições atuais a entrada de sedimentos chega a 115 mil m3 ao ano. Portanto, e sem os cuidados necessários, algo bem próximo da tarefa de enxugar gelo.

Felizmente a visão da administração municipal parece ser outra e mais bem focada, tendo como meta maior devolver ao conjunto da Pampulha suas características originais, aquelas da época da construção do lago artificial nos idos da década de 40, no século passado. Seja na tarefa de recuperar o rico patrimônio paisagístico e arquitetônico, seja para que sejam integralmente cumpridas as exigências da Unesco para confirmar a Pampulha como Patrimônio da Humanidade. E o que se espera, em primeiro lugar, é que sejam devolvidas ao espelho d’água suas condições originais, espera-se que com completa despoluição e efetiva remoção das áreas assoreadas. E para que isso possa acontecer é preciso que a Pampulha deixe de ser depositária de esgotos, o que já está acontecendo, mesmo que lentamente, com participação da Copasa que promete pôr fim aos lançamentos irregulares.

Belo Horizonte agradece, o turismo em Minas Gerais agradece e o País também pela recuperação de um conjunto de obras que podem ser definidas como uma espécie de ensaio geral para a construção de Brasília, quase 20 anos mais tarde, além de ser também uma referência cuja importância é reconhecida internacionalmente. Um desafio que sabemos ser grande e que se completa com a recuperação das obras de Oscar Niemeyer, principal marca do local, com foco na aparentemente esquecida questão do antigo Iate Clube, de todo o conjunto o único que sofreu grande descaracterização e cujo retorno às formas originais figura entre as exigências da Unesco.

Resumindo, para concluir, são várias e todas igualmente importantes as frentes de trabalho, empreitada que não pode estar limitada a esforços isolados da Prefeitura de Belo Horizonte. Conforme dito anteriormente, estamos tratando de algo igualmente importante para o Estado e para o Brasil, sendo devido e natural esperar que todos somem esforços para devolver à Pampulha todo o seu brilho e significado.

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