Aceleração de investimentos da Copasa pode ser estratégia para privatizar a estatal

Conforme estão informados os leitores do Diário do Comércio, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) está empenhada num programa de melhoria e modernização das redes de água e de esgotamento sanitário que atendem à Região Metropolitana de Belo Horizonte. Um investimento na casa dos R$ 365 milhões, o bastante para implantação e ou substituição de 348 quilômetros de redes de distribuição, obras divididas em 5 lotes, os dois primeiros já contratados e com serviços iniciados, estando os demais em fase final de licitação, tudo com prazo de conclusão fixado em 2 anos.
Com trabalhos concentrados, na fase inicial, no Barreiro e em Contagem, a Copasa informa que um de seus objetivos é reduzir perdas no sistema de distribuição, situação que em parte se explica como consequência do envelhecimento e deterioração das linhas. Outro ponto a destacar é que serão utilizadas tecnologias diferenciadas, visando reduzir transtornos provocados no trânsito de veículos. Uma delas implica na construção de redes novas dentro de redes antigas, reduzindo-se consideravelmente os impactos externos. A empresa, recentemente apontada como uma das melhores do mundo no seu campo de atuação, informou que seus investimentos cresceram 45,8% apenas no último trimestre e somaram R$ 556,7 milhões.
São realizações impactantes, seja por conta da mencionada redução nas perdas de água tratada, seja pela ampliação da oferta tanto de água quanto de esgotamento sanitário. Como se sabe, a oferta desses serviços ainda está distante de atender plenamente a demanda, com impactos especialmente negativos na esfera da saúde pública. Por outro lado, considerada a assumida disposição do Executivo estadual de privatizar a Copasa, a aceleração nos investimentos da estatal implicam em alguma dose de contradição. Ou seria, como gostam de dizer executivos e consultores que trabalham na área, não mais que vestir a noiva, tornando-a assim mais atraente para possíveis pretendentes.
Expedientes que já aconteceram no passado, especialmente na área das telecomunicações, implicando em gastos públicos de monta e sem o retorno esperado no momento das privatizações. Já aconteceu, inclusive com aspectos de favorecimento, inclusive, um tanto nebulosos e jamais esclarecidos. Por óbvio, cabe evitar que se repitam. Cuidados que, no assunto em tela, estão no rol das obrigações mais imediatas do governo estadual e assim devem ser vigiados e cobrados.
Ouça a rádio de Minas