Acordo entre Mercosul e China demanda equilíbrio para minimizar riscos

Acordo de livre comércio entre o Mercosul e a China, discutido há pelo menos duas décadas, ainda não é uma perspectiva absolutamente concreta, embora já situada num plano mais próximo da realidade. O governo brasileiro já se mostra otimista com a perspectiva de um desfecho a seu gosto, embora especialistas em comércio internacional pensem diferente e não apenas com relação a prazos. Preocupa também o que será acertado e as consequências do que for acertado, ocasião para que seja lembrado que nesses acordos o que é bom para a agricultura costuma não ser necessariamente bom para a indústria e vice-versa.
Evidentemente que entre extremos podem existir posições de equilíbrio e é nesse rumo que os negociadores brasileiros devem acertar sua mira, sem perder de vista a importância e volume do comércio bilateral, justamente no que toca às commodities agrícolas, que poderiam chegar à China com preços melhores e condições mais competitivas, porém sem que tal abertura signifique escancarar as portas a bens de consumo chineses. São estes fundamentalmente os temores da indústria brasileira neste momento. Cabe enxergar que estes não são meros delírios e sim uma possibilidade que deve estar na balança das negociações, que bem podem estar rumando para um patamar de concretude.
Hora, portanto, de estabelecer limites, bem entendidos ganhos e perdas, bem como a própria condição brasileira no Mercosul, o que claramente nos permite dar as cartas. Como já foi dito, inclusive nas páginas deste jornal, negócios encerram possibilidades e riscos ou importações boas e importações ruins. O que está sendo negociado pode ser boa ocasião para que o País importe máquinas e tecnologias a melhores custos, podendo assim, e em condições mais vantajosas, modernizar e ampliar sua própria indústria de bens de consumo duráveis. O lado ruim, justamente o temido pela indústria local, seria a importação produtos manufaturados para uso e consumo.
Saber negociar, saber escolher, será no final das contas o elemento capaz de fazer toda a diferença ou determinar se a aproximação com o gigante chinês poderá ser livre de riscos ou pelo menos com riscos minimizados e controláveis. Para resumir e para concluir, é disso que se trata no final das contas, tarefa que não tem porque ser dada como fora do alcance dos negociadores brasileiros. Para isso bastará fazer saber que somos tanto capazes de definir nossos objetivos quanto de alcançá-los, tudo isso numa perspectiva interessante para as duas partes.
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