O recente aflorar da direita radical retoma comportamentos próximos do passado colonial

Era de se esperar. Os maus ventos que trouxeram à tona, mundo afora, uma direita radical e de clara inspiração nazifascista, alcançaram também a economia, o mundo dos negócios e empresas. Eis o que se constata diante dos arroubos da francesa Carrefour ao ameaçar com extrema arrogância produtores brasileiros de carne bovina, anunciando suspensão de importações. Tudo, claro, para ficar bem diante da plateia de agricultores franceses, que não tem eficiência para competir com a produção brasileira, mas são politicamente muito fortes. Ou o suficiente, por enquanto, para emparedarem movimentos que atuam para por de pé acordo bilateral do Mercosul com a Europa, tendo como principal tópico exatamente produtos agrícolas.
Chamou atenção, no episódio mais recente, e como se isto pudesse ser encarado como novidade, a arrogância francesa ao pretender ditar regras naquilo que não é de sua competência. Da mesma forma que o recuo subsequente, tão logo produtores brasileiros fizeram saber o óbvio. Se nossa carne não é boa para o mercado francês, também não deve e não pode chegar às prateleiras dos estabelecimentos da rede Carrefour no Brasil. Resta difícil fazer crer que o que vale para os franceses pode não valer para os brasileiros.
Afinal, foi só mais um episódio entre tantos outros e que tendem a terminar como se nada tivesse acontecido. Cabe de qualquer forma prestar muita atenção para perceber até que ponto são superficiais, falsas provavelmente, as juras de colaboração e amizade seguidos de apertos de mão que não querem dizer nada.
Falam alto, verdadeiramente, somente aqueles interesses que não têm nada a ver com os nossos. E o aflorar da direita mais radical faz retornar também sentimentos e comportamentos que estão bem próximos do passado colonial. Algo que não pode ser percebido apenas agora e no caso em tela. Aconteceu o mesmo com relação às pressões em torno da questão ambiental, sendo bastante lembrar que líderes mundiais, e ali estavam os franceses novamente, não perderam chances de deixar claro que a possibilidade de algum tipo de intervenção direta lhes parecia absolutamente razoável, soberania nacional às favas.
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Sempre a arrogância, sempre a sensação de que os senhores coloniais tinham saído de suas tumbas, pretendendo fazer de sua vontade e interesses a única lei. São dados da realidade, são sinais de evolução que bem pode ser tomada como involução e diante dos quais nos resta prestar atenção. Muita atenção.
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