Editorial

Além da imaginação

Além da imaginação
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Num passado não tão distante, o então presidente Getúlio Vargas sucumbiu às acusações, jamais confirmadas, de que vivia mergulhado num “mar de lama”, expressão cunhada pelo jornalista Carlos Lacerda como sinônimo de corrupção. Adiante, e com Juscelino Kubitschek, não foi muito diferente, tendo morrido pobre o homem que um dia foi apontado como o mais rico do mundo. De João Goulart, o rico fazendeiro gaúcho cujas preocupações sociais fez dele um “comunista”, também muito foi falado sobre corrupção. Um padrão que se repete com a tal Operação Lava Jato, que fez do então juiz Sergio Moro uma espécie de herói nacional graças ao seu suposto empenho em atacar a corrupção por todos os meios e modos. Mais uma vez uma farsa, uma tremenda farsa que agora vai sendo desmontada aos poucos, e que deixou um rastro de destruição na economia.

Havia causa e ambição política, que deram no que deram, servindo a todo um processo de demolição das instituições. Fato é que hoje, e pelo menos para quem tenha um mínimo de lucidez e objetividade, é bastante difícil, senão de todo impossível, deixar de perceber o que se passou. E para isso, ironicamente, muito contribuem os próprios personagens envolvidos. Como Sergio Moro, desmoralizado e sério candidato a pagar por seus maus feitos, assim como um de seus mais próximos colaboradores, o ex-promotor e deputado cassado Deltan Dalagnol, este parecendo próximo de se enforcar com a própria corda. Aquele que até agora tenta se apresentar como uma espécie de arauto do combate à corrupção e como Moro se diz vítima dessa condição, com certeza foi longe demais, muito além de imaginável.

Primeiro, quando ainda investido de seus títulos e toda honra e glória, teria tentado, muito malandramente, se apropriar de R$ 2 bilhões arrecadados pela Lava Jato para criar um misterioso fundo que ele próprio administraria. Agora vem a notícia de que ele negociou por conta própria junto a autoridades americanas, FBI inclusive, o destino de indenizações pagas pela Petrobras naquele país. Por conta própria, porque não teria competência para agir e invadiu atribuições próprias do Ministério da Justiça, tudo isso com propósitos que soam bastante duvidosos. Além disso, e com os fatos agora tornados públicos, colocando lenha na fogueira das versões de que tudo que aconteceu no País foi monitorado e conduzido a partir do exterior e claríssima invasão de nossa soberania.

Não nos parece que haja gradação para definir o extremo alcançado pelos acontecimentos, bem como para as sortidas manobras realizadas em nome de virtudes que nunca existiram. É bom que tudo isso venha à luz e, mais ainda, que os culpados paguem por seus crimes.

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