Editorial

Mesmo sem eleições, as ambições das campanhas eleitorais parecem não ter fim

Estamos todos, assim, diante de um vazio de proporções descomunais
Mesmo sem eleições, as ambições das campanhas eleitorais parecem não ter fim
Crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil

Para os protagonistas da cena política brasileira, na sua grande maioria atores de qualidades um tanto duvidosas, ocupar espaços parece ser objetivo único, num processo em que campanhas eleitorais parecem não ter fim. E tudo porque, e a cada dia que passa de forma mais explícita, ambições estão sempre em primeiro plano, ficando de lado, esquecidos, ideias e propostas que, estas sim, deveriam sempre vir primeiro. São conhecidas ambições de poder, nunca propósitos, e no seu sentido mais elementar, como se não houvesse amanhã depois da contagem de votos.

Estamos todos, assim, diante de um vazio de proporções descomunais e que também faz entender porque conceitos elementares de planejamento, o verdadeiro ponto de partida para qualquer ação, e não apenas no campo da política e da gestão pública, que se pretenda consistente, estabelecidas adiante metas a serem alcançadas. E não como fruto somente da vontade e preferências deste ou daquele grupo e sim como expressão da vontade coletiva com contornos e formas de um projeto de Estado, assim entendido também como permanente.

Sequência e continuidade que impulsionam avanços tais como aqueles que o País conheceu na segunda metade do século passado, com ganhos que são ainda hoje festejados e reconhecidos. Ou um “milagre” de certa forma conduzido por mãos muitíssimo diferentes, de Getúlio Vargas passando por JK e chegando aos generais-ditadores, mas com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico do País, sua autonomia e prosperidade com um sentido inclusivo. Os contornos poderiam ser – na realidade foram – diferentes, mas o fio da meada foi de alguma forma preservado, mantendo-se pontos comuns sem os quais os resultados alcançados não teriam sido possíveis.

Uma forma de convergência que se perdeu, tanto quando se perderam os conceitos de planejamento tão valorizados em passado ainda recente. E é exatamente deles que nos fala a ministra Simone Tebet, vale lembrar, titular justamente da pasta do Planejamento e Gestão, em sua mais recente passagem por Belo Horizonte. A ministra apresentou o que está sendo chamado de Estratégia Brasil 2025-2050 e que tem por objetivo orientar o desenvolvimento nacional neste intervalo de tempo. Trata-se, disse a ministra, de planejar a partir de agora a estratégia do Brasil que queremos para 2030, para 2035, ou 2040 em todos os setores, um esforço sem o qual não será possível entender o que queremos, muito menos como alcançá-los. Elementar, embora ainda tristemente distante da realidade.

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