‘Fazer a América grande novamente’: ambições dos EUA estão acima de tudo e de todos

O novo governo dos Estados Unidos já deixou suficientemente claro que coloca os interesses do país, ou a ambição de “fazer a América grande novamente”, acima de tudo e de todos. Em torno desse propósito, que apaga os discursos até então prevalentes pelo menos na retórica da conveniência, o presidente Trump já disse, por exemplo, que seu interesse pela Groenlândia será atendido “de uma forma ou de outra”, deixando, assim, pouco ou nenhum espaço para a imaginação. São arroubos que lembram ou muito se aproximam da valentia dos cowboys que Hollywood consagrou, mas que ainda, assim, devem ser tomados em conta.
Antigos estudos ou análises estratégicas que, em algum momento, vazaram, apontaram que os Estados Unidos têm mapeados, no planeta, os pontos de seu interesse em termos de suprimento em caso de conflitos armados. E nesta lista o lugar reservado ao Brasil é, ou era, a cidade mineira de Araxá, ou mais especificamente suas reservas de nióbio. Uma lista atualizada, como muito provavelmente já pode estar circulando em Washington, provavelmente será maior e mais completa. Fronteiras ou soberania evidentemente podem ser apagadas – “de uma forma ou de outra”- diante de obstáculos ao sucesso da “era de ouro” que Trump imagina estar começando a construir.
Cabe esperar, evidentemente, que estes ímpetos possam ser contidos, sobretudo na medida em que representam ameaças evidentes sobretudo às grandes potências, Rússia e China. Ou, antes, ao próprio Estados Unidos, que bem pode estar sendo levado a uma corrida em direção ao abismo. Seja como for, não há como deixar de considerar que o Brasil por sua extensão territorial, população, volume e diversidade da produção e, sobretudo, reservas estratégicas, certamente tem lugar de destaque nessa cobiça desmedida. Recordando, encontra-se em território brasileiro 94% das reservas mundiais de nióbio, a segunda maior de grafite, a terceira de terras-raras e a quinta de lítio. Levantamento mais completo destes recursos, com certeza, fará o país escalar mais alguns degraus e nos colocará na condição de potência mineral, se não a maior do planeta.
Numa perspectiva alinhada com o que tem sido dito ultimamente, tudo isso pode ser também uma grande ameaça, ou como aconteceu no passado com o petróleo, algo como uma maldição.
Resumindo, todo cuidado será pouco nesse mundo e circunstâncias em que valores reconhecidos podem estar sendo apagados, se suplantados pela consagração da força como argumento único e definitivo.
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