Editorial

Anel Rodoviário de Belo Horizonte: uma incubadora de problemas

Gargalos serão jogados no colo da Prefeitura de Belo Horizonte, que acaba de anunciar o acerto para a municipalização da alça rodoviária
Anel Rodoviário de Belo Horizonte: uma incubadora de problemas
Foto: Diário do Comércio Alisson J. Silva

O Anel Rodoviário de Belo Horizonte, que na realidade, passadas mais de quatro décadas desde a sua construção, nunca chegou a ser um anel de verdade, foi transformado no decorrer do tempo em algo equivalente a uma incubadora de problemas. Problemas que em breve serão jogados no colo da Prefeitura de Belo Horizonte, que acaba de anunciar o acerto, junto à administração federal, da municipalização da alça rodoviária. Poderá até ser uma forma de encurtar a distância entre o problema e a solução, mas igualmente um peso difícil de carregar.

Quem entende o acerto recém-anunciado como positivo enxerga justamente que a gestão dos vinte e poucos quilômetros do anel tende a ganhar eficácia com a proximidade, com visão imediata e, espera-se, também melhor compreensão das dificuldades a superar. Otimismo e confiança que adiante se deparam com a constatação de que desobstruir o Anel Rodoviário, com ações efetivas e muito além de meros remendos, demandará recursos de que a PBH não dispõe. Do lado oposto estão vozes que chamam atenção para o fato de que a gestão municipal não tem qualquer experiência com o trato de uma via rápida e de tráfego pesado.

Lembram também que ela nada mais é que a extensão de rodovias federais que cortam a região metropolitana, o que pode implicar em conflitos, de natureza jurídica, inclusive, difíceis de vencer.

Também caberá considerar, e inexoravelmente, interesses dos municípios vizinhos, igualmente servidos pelo Anel, demandando-se, portanto, algum tipo de integração que parece distante da realidade e não suficientemente considerada.

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São todas elas ponderações obrigatórias e também imediatas, visto que a municipalização do Anel Rodoviário poderá ser confirmada em curtíssimo prazo, conforme as expectativas da PBH. Só resta mesmo torcer para que tudo dê certo e possa ser finalmente rompido o imobilismo que dura décadas.

A PBH está se comprometendo numa atitude um tanto corajosa, estando, portanto, em condições de exigir que a administração federal não transfira apenas o problema, sem renunciar a obrigações que lhe são inerentes, num desafio que mesmo sendo de acomodação é plenamente justificável, além de urgente.

Resumindo – para concluir –, faltaria acrescentar que o passo que está sendo dado agora só poderá ser bem-sucedido se avançarem também as tratativas para construção do Rodoanel, única maneira de redistribuir o tráfego que hoje compromete o combalido Anel Rodoviário de Belo Horizonte. É esperar e conferir.

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