Para o ano começar bem

Há um ano, com a posse do novo governo e em ambiente de grandes incertezas, agentes do “mercado” afirmavam, na perspectiva deles até com alguma indulgência, que a economia brasileira cresceria em 2023 menos de 1%, mais precisamente algo em torno de 0,70%. Sabe-se agora, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3% no ano passado, com preços em queda, redução do desemprego, aumento da renda e do consumo. Percebe-se que, claramente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu-se bem melhor que seu antecessor, que imaginava o Brasil transformado “numa Venezuela” em apenas seis meses contados a partir da posse.
Não aconteceu, sendo de se lamentar apenas que a nova administração federal não tenha conseguido, por falta de vontade ou de condições políticas, cortar despesas na escala recomendável pelo tamanho do déficit público. E, pior, tenha insistido, como insiste, em reencontrar o equilíbrio fiscal exclusivamente com elevação da arrecadação, o que significa dizer que os contribuintes continuarão sendo assaltados. Apesar, ou por conta, dependendo da perspectiva, da reforma tributária em andamento. Mais amplamente lamenta-se também que a promessa de promover o entendimento e a pacificação do País a rigor não tenha ido além do discurso de posse.
Dirá o governo, se não o próprio presidente da República, que à falta de argumentos resta à oposição alimentar o confronto, o que de fato tem sido feito por figuras que não fazem a menor ideia do que tenha sido, nos anos 40 e 50 do século passado, a Banda de Música da União Democrática Nacional (UDN). A questão estaria, estrategicamente e por dever de ofício, em não alimentar, retrucando, a baixaria que tem como palco mais visível a Câmara dos Deputados. Seria bem mais inteligente vencer os radicais que se dizem de direita, mas a rigor nem mesmo esse status alcançam, pelo silêncio, pela indiferença que fatalmente os retiraria do palco. Além de, evidentemente, nos casos que assim se configurem, pela aplicação exemplar da lei, do Regimento da própria Câmara dos Deputados.
Aceitar o jogo, assim de certa forma legitimando figuras que não têm sequer estofo, é um erro estratégico que precisa e deve ser corrigido o quanto antes, deveria ser prioridade para o presidente Lula, que de sua cadeira não pode deixar se levar pelo humor, muito menos por um suposto desejo de vingança. O Brasil continua precisando de resultados e eles virão com mais velocidade se de fato houver pacificação e os radicais, de um lado e outro, reduzidos ao seu tamanho.
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