Apagão cibernético acende alerta para os riscos da dependência tecnológica

O processamento eletrônico de dados representou, para a humanidade, sobretudo num período que pode ser contado em aproximadamente 50 anos, transformações e avanços maiores e mais rápidos que todos aqueles ocorridos ao longo do tempo. Para o bem e para o mal, entenda-se desde logo e com plena consciência das implicações desses avanços. Assim como o indivíduo tornou-se dependente da telefonia celular, num grau que já é tratado como patológico, a sociedade no seu conjunto pode estar sendo aprisionada, com desdobramentos que atingem diferentes aspectos, da política à economia, tudo isso sugerindo mais reflexão, cuidados que começam com o adolescente, individualmente, mas claramente alcançam a educação, saúde, sistemas financeiros, industriais e comerciais, tornando arcaicos também conceitos de defesa que até há pouco tempo pareciam imutáveis.
Como bem poderiam lembrar os mais velhos e mais sábios, é preciso parar e refletir sobre o sentido do que acontece à nossa volta para que seja possível entender se, de fato, estamos todos avançando e em que direção. E muito mais que as considerações sobre os aspectos nocivos das redes sociais e da comunicação globalizada, porém descontrolada. E como primeira referência para tal exercício podem ser tomados acontecimentos recentes, especificamente a pane em sistemas ao redor do planeta que ocorreu na semana passada, comprometendo serviços de comunicação, bancários, médicos e industriais, além de operações de transporte aéreo. Tudo, conforme o informado, por conta de falhas na atualização de um determinado programa de larga utilização, tudo isso colocando o planeta, ou parte dele, à beira daquilo que bem poderia ser chamado de abismo cibernético.
Por tão pouco, por conta de um incidente que poderia ser dado como banal e passar até despercebido, o mundo quase parou. Cabe pensar a respeito, cabe avaliar melhor os riscos de tamanha dependência, tudo isso desde o indivíduo passando por empresas de todos os portes e alcançando estados nacionais, tais como os conhecemos e definem a sociedade contemporânea em seus múltiplos aspectos. Definitivamente não é pouca coisa ou algo que possa ficar para mais tarde, passado o susto do primeiro momento. O tal apagão cibernético que, objetivamente, parece ter merecido pouca atenção e nenhuma reflexão, deve na realidade ser tomado como alarme e advertência, nunca como se fosse algo previsível e banal, de menos importância, parte de uma nova rotina que ainda não conhecemos.
Porque na realidade podemos todos estar lidando com mudanças culturais, comportamentais, políticas e econômicas para as quais certamente não estamos preparados. E, afinal, sequer somos capazes de avaliar com mínima precisão a quem exatamente elas podem interessar.
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