Editorial

Apostar e vencer

Apostar e vencer
Crédito: Alessandro Carvalho/Diário do Comércio

Depois de um ciclo que pode ser definido como letárgico, a indústria automotiva brasileira parece despertar. Eis a primeira conclusão do anúncio de novos investimentos feitos pela Volkswagen, que promete aportar no País, até 2028, mais R$ 16 bilhões; e a General Motors, que responde a rumores de que estaria deixando o País com anúncio de investimentos de R$ 7 bilhões. Somando investimentos anunciados pelas chinesas BYD e GWM o valor chega aos R$ 41 bilhões. E poderá ser bem mais, conforme estimativas da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), chegando aos R$ 100 bilhões até 2029 e considerado também os investimentos do setor de autopeças, além de aportes da Stellantis, dados como certos.

O volume estimado, se efetivado, será também o maior patamar de investimentos em toda a história do setor automotivo no País. Estabilidade política e econômica, além de suporte de programas de incentivos, explicaria tanta confiança. Falta, contudo, entender melhor o direcionamento desses investimentos, considerados os movimentos e tendências da indústria global, com foco na eletrificação em substituição aos combustíveis fósseis e motores a explosão. A respeito, existem controvérsias que não podem deixar de ser consideradas, assim como é necessário o reconhecimento do fato de que nos últimos anos o setor no Brasil andou em marcha a ré.

Para avançar, para ocupar espaços, necessariamente a indústria de material de transportes no Brasil terá que considerar os rumos que o setor está tomando, buscar um patamar de qualidade e preços que abram espaços no mercado externo, no qual a presença do Brasil já foi bem maior e, internamente, ter em conta o poder aquisitivo da população. Objetivamente, se revelando capaz de ofertar produtos mais próximos da realidade do mercado. Para crescer como imagina ser possível crescer, entendimento inescapável diante dos investimentos que são anunciados, será necessário também buscar sintonia com a realidade.

Uma realidade, tudo leva a crer, em que os motores a explosão, abastecidos com combustíveis fósseis ou renováveis, como o etanol, estão condenados. Seja pelas questões ambientais, seja pela baixa eficiência em oposição aos motores elétricos, também com limitações por conta da própria oferta de energia.

Assim, olhar para frente e tentar antecipar o futuro muito provavelmente fará com que as atenções sejam voltadas para o hidrogênio e células de combustível. Parece ser o caminho, a direção que, se tomada, poderá ajudar o Brasil a superar o atraso.

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