Editorial

Aqui não é Nova York: ao invés de Times Square, é preciso preservar a Praça Sete

Devemos buscar meios para revitalizar e incentivar um comércio pulsante em um dos ícones da capital
Aqui não é Nova York: ao invés de Times Square, é preciso preservar a Praça Sete
Foto: Adobe Stock

Os vereadores de Belo Horizonte aprovaram um projeto de lei que visa permitir a instalação de painéis de LED de até 40 metros de altura em um dos principais símbolos da capital mineira, a Praça Sete. A proposta, que promete “mudar a cara” da região, já foi encaminhada para sanção do prefeito.

As mudanças são naturais e desejáveis na vida de qualquer centro urbano; porém, não podemos perder nossas referências históricas e culturais, como é o caso da nossa Praça Sete. Em vez de preservar esse símbolo da nossa cidade, nossos legisladores preferiram dar uma nova cara à região e, pior, imitando Nova York.

Instalar placas luminosas gigantes em nossa Praça Sete, em nossa opinião, seria o equivalente a retirar os equipamentos que hoje estão no famoso quarteirão da maior cidade dos Estados Unidos. Lá, as placas são um símbolo histórico e cultural.

A Times Square é um dos principais pontos turísticos do planeta. A região é o coração de Nova York e foi planejada para ser o ícone da publicidade e do consumo no mundo.

Uma das defesas ao projeto é que a instalação dos painéis ajudará na iluminação da região, tornando a Praça Sete um lugar mais seguro para os cidadãos belo-horizontinos. Ora, desde quando placas luminosas se tornaram a tábua de salvação para a segurança pública?

Para resolver a questão da iluminação, o poder público deve recorrer à concessionária e exigir um bom projeto para a região. Já para a segurança, Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal devem traçar um plano para deixar a Praça Sete e suas adjacências mais seguras para os cidadãos.

A movimentação econômica que essas placas vão gerar é um dos pontos positivos do projeto. Porém, é possível encontrar modelos para impulsionar os investimentos em publicidade e propaganda em equipamentos públicos e prédios na capital sem que nosso valioso patrimônio arquitetônico seja prejudicado.

Não precisamos ter a nossa Times Square; precisamos é preservar a nossa Praça Sete, revitalizá-la e incentivar um comércio pulsante. Belo Horizonte deve refletir profundamente sobre qual cidade quer ser no futuro: se vai manter suas características, carregando sua história e personalidade, ou se vai olhar para fora e apenas copiar outras culturas.

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